26.2.11

#13



Foi outro dia. Outro sábado? Outro dia.

Um poema que tem o nome do livro onde mora, uma Madalena cantando o vento do verão, e eu escrevendo escrevendo escrevendo.

Um por dia enquanto for legal #13.

24.2.11

#12



O fim de um dia de muito trabalho e muita areia numa praia chamada Sossego

Um dos primeiros poemas que eu escrevi e que estava esquecidinho no "substantivo feminino" desde 2003

Tom Zé estudando o samba e proclamando que a felicidade vai desabar sobre os homens

Tá desabando

Não se proteja

21.2.11

Mais Rosa

"O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso..."
(Rosa no Grande Sertão)

19.2.11

descoberta

O SIM É UMA PALAVRA-AÇÃO

17.2.11

Bóia


Acorda, Maria
(Carlos Drummond de Andrade)

Acorda, Maria, é dia
de festival.
Violas já vem dançando
no doce do canavial.
Acorda, Maria, é dia
de prazer municipal.
A bebida está pedindo
pra ser bebida
a comida reclamando
pra ser depressa engolida
a risada quer ser rida
o namoro namorado
o peixe quer ser pescado
o sonhado ser vivido.

Maria, acorda que é dia de acontecer
de casar e de ter filhos
e cada filho crescer
e tomar seu rumo
e tomar seu rumo
e alguém na varanda
soletrar o espaço.

Acorda, Maria, é dia
de matar formiga
de matar cascavel
de matar tempo
de matar estrangeiro
de matar irmão
de matar impulso
de se matar.

Acorda, Maria,
todos já de pé
muitos já correndo
a gritar por ti.
Quem dorme no bairro, quem?
Não há paina de dormir
quando se espera o sinal
dentro do sinal fechado
e milhões de sinais
escondem o sinal.
O sinal afinal
é sim ou al?
E se ele apaga
antes de acender?
se ele acende
e ninguém entende?
Maria, acorda, é dia
de esperar a vida inteira
pelo sinal.

Acorda, Maria: é dia
de dizer que é dia
de fingir que é dia
de preparar o dia
de ir na folia
esquecer que não é mais
ou ainda não é dia.

Acorda que o telefone
está chamando, Maria.
O navio está apitando
e vai soando a sineta
do presídio.
Esvoaça
a papeleta do fiscal.
A mãozinha da garota
bate no portal.
Acorda, Maria, é samba
sem carnaval.

É dia
de tirar a roupa da alma
no sofá
de pesquisar o verme
em cada maçã
de inventar o verme
a cada manhã
de saborear o verme
que nem hortelã.

É dia, atenção, de sexo
há milênios recalcado.

A vara e a concha unidos
no abraço fotografado
e tudo em verde fichado
pra ser bem computado.
Quem tem amores, desame-os
quem tem baú, que o destampe
quem não tem nada, que tenha
o que que ter pra contar.

Depressa, Maria, a praça
é uma orelha gigante
que não escuta e que passa.
Mas acorda por favor
ou por violência. É dia
de prestar contas, é dia.
Foi antecipado
o Juízo Final.
Em cada quarteirão
o oficial de justica
divina
faz a citação
sem abrir a boca
e os nomes se imprimem
na retina
as sentenças se gravam
na pele.
Acorda, Maria, assiste
a teu julgamento em código.

Principalmente, Maria,
é dia
dia constante e durante
acima dos cem mil dias
dia so, dia sem dia
sem outro dia que diga
tudo que cabe num dia.
E um dia sem folhinha
sem gala de alvorecer
sem vontade de fluir
sem jeito de findar.

O que lhe falta em clareza
e sobra em altura
e resta em desejo
ninguém decifra.
É dia, Maria, dorme
até que passe este dia!

...

(não vou dormir nem morta. não perco um minuto desse dia.)
("o que lhe falta em clareza e sobra em altura e resta em desejo ninguém decifra".)
(é um privilégio ter esse nome.)

15.2.11

Guimarães em falso verso

"Aqui digo: que se teme por amor,
mas que, por amor também,
é que a coragem se faz."

(Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas")

13.2.11

#11

Itaipava
um cacho de bananas rosas
meu poema mais famoso
música peruana
boa companhia
=
uma noite de gargalhadas
+
"Um por dia enquanto for legal" #11


12.2.11

Quem disse que ia ser fácil?


é tomar cápsulas de falta pra ficar mais forte
é como o último xixi antes de pegar a estrada
é uma medida provisória que apavora o país

são as razões rindo da minha cara
é como um absurdo, um porre permanente
é testar limite, é o certo por curvas muito doidas

é ainda outra espécie de velhice
é tentar encher de areia o buraco da explosão
são os 26 medos fundidos em um

é um vale-ingresso prum parque em obras
é como um aborto, uma violência
é arrancar o peito antes do câncer

(quem disse que ia ser fácil?)
(ninguém disse)

10.2.11

De alma nua na boca do Riobaldo

"Acho que eu não tinha conciso medo dos perigos: o que eu descosturava era medo de errar - de ir parar na boca dos perigos por minha culpa. Hoje, sei: medo meditado, foi isto. Medo de errar. Sempre tive. Medo de errar é que é a minha paciência."

(Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas")

TUDO É TAO CLANDESTINO, TANTA COISA É POSSIVEL,
QUE A VIDA É O NÃO-RESUMO DE UM MILAGRE.
(Guimarães Rosa em "Ave Palavra")

7.2.11

No susto

Tem coisas que se a gente planejar demais nao faz.
Se deixar o medo do que pode acontecer dominar, desiste.
Ou adia demais.
E parece que quando a gente destampa a valvula da coragem as mudancas vem em cascata, num esquema meio arrancar o dente de uma vez, puxar o bandaid sem hesitar, no susto.
E foi assim que no domingo de manha eu nem pensei em nada e mudei a cara do blog, e adorei a mudanca!
E foi assim que hoje eu percebi que perdi todos os comentarios ja feitos aqui desde 2004.
Todos.
Assim, no susto.
Eu ja tinha falado disso aqui, do meu medo disso acontecer.
Mas sabe do que mais?
Nem doeu tanto assim.
Eu ja li e reli cada coisa bonita e bacana que me disseram, cada eco do que eu escrevo, e ta tudo guardadinho aqui comigo, nao num html qualquer, mas no fundo do peito.
E mais: tanto do carinho espalhado aqui foi fundamental pra eu seguir, pro segundo livro sair, que nao fazia mesmo sentido ficar presa justo no que foi asa pra eu voar mais alto.
Entao comeca agora uma outra era, e eu vou ficar felizinha a espera dos novos ecos das minhas palavras e imagens por aqui!

#10

A Nina provocou

A Céu foi na veia

A Maria escreveu, leu, se exibiu

Um por dia enquanto tralálá!



6.2.11

O que é e o que não é

é gincana, é?

é prender o fôlego embaixo d'água?

é segurar o halter lá no alto aquele segundo a mais?


não é


é decisão carinhosa, é convicção, é movimento

é corrida de longa distância, é prova de fogo, é maratona,

nada de pressa: é constância


é aceitar o risco pra voar mais alto

é andar sobre brasa pra não pisar em ovos

é o inimaginável pra chegar no tão sonhado


é amor, é cuidado, é uma espécie de fé

é coragem espremida até o caroço

é crença profunda, sumo de desejos


é uma entrega

é a anti-preguiça, é porque é enorme

é um sim muito intimo


é um sim

4.2.11

#9

A musa do século 21 = Mulher Maravilha?

Quando ele diz que gosta é de mulher, mulher de qualquer jeito, pode ser do nosso?