A idéia veio da minha prima Dani, brasileira disfarçada de americana e mãe da lovely Amelia, que mora na Califórnia e portanto eu vejo muito menos do que gostaria. Ela tem um blog e me incluiu numa espécie de corrente blogueira, mas eu nunca fui adepta de corrente, ainda mais que essa tem mil regras, ainda por cima em inglês!
A parte da qual eu gostei foi a proposta de fazer uma lista de 7 coisas estranhas sobre mim, então aí vai:
1. eu odeio usar sutiã, e apesar disso tenho uma coleção de uns 20
2. eu amo supermercado, do Pão de Açúcar chique ao Mundial da Lapa
3. eu só fiz a sobrancelha pela primeira vez depois que a minha avó materna morreu - ela amava minha sobrancelha grossérrima
4. eu calço 39/40 e passei uns dois anos usando só tênis bamba, sapatilha chinesa e chinelo, até as fábricas de calçado entenderem que mulher de pé grande também é gente
5. eu guardo um vestido pra usar quando estiver grávida desde os 15 anos. sim, ainda cabe.
6. eu mesma inventei meu único apelido: esse mariadapoesia que está quase roubando meu nome
7. eu sou feliz. nem sempre estou, mas sou. sim, pra alguns isso é estranho. eu adoro essa estranheza
eram só 7, né? então tenho dito.
"Carne do umbigo", "Bendita palavra" e "Substantivo feminino" são a versao impressa e bem acabada do que rola aqui. Quer me ter na sua mão em forma de livro e disco? Me escreve aqui!
29.11.07
21.11.07
14.11.07
desejo necessidade vontade
1 fone de ouvido que não se enterre nos tímpanos me obrigando a um intervalo de 3 dias entre usos
re-pintura do apê
1 editora pro Bendita Palavra
1 pacote de chá verde bom, com folhinhas enrugadas que se abrem na água quente, que nem o que veio de Chinatown e diferente dos três que eu já tentei por aqui
1 brinco prateado, fosco e básico e chique, que nem o que eu tive por anos e de cujo par pra minha tristeza só restou um
quadrinhos pequenininhos pra minha parede de quadrinhos pequenininhos
1 gravador de dvd externo que não dê erro a cada dois usos
1 parafuso que caiu do meu lado da cama, devidamente preso no lugar
e ainda...
re-pintura do apê
1 editora pro Bendita Palavra
1 ou 2 ou 3 ou 1000 desumidificadores pra tudo que há na casa parar de mofar
1 escutador de mp3 de qualquer marca pequenino e bonitinho1 pacote de chá verde bom, com folhinhas enrugadas que se abrem na água quente, que nem o que veio de Chinatown e diferente dos três que eu já tentei por aqui
1 brinco prateado, fosco e básico e chique, que nem o que eu tive por anos e de cujo par pra minha tristeza só restou um
quadrinhos pequenininhos pra minha parede de quadrinhos pequenininhos
1 gravador de dvd externo que não dê erro a cada dois usos
1 parafuso que caiu do meu lado da cama, devidamente preso no lugar
e ainda...
10.11.07
7.11.07
6.11.07
noturno
Sua ausência
cava
um poço de petróleo
em meu estômago.
Viscoso e negro brota,
entre outras flores,
o medo.
cava
um poço de petróleo
em meu estômago.
Viscoso e negro brota,
entre outras flores,
o medo.
3.11.07
é isso
Vim aqui dizer outras coisas, mas no caminho passei no Anotandoteatro e de lá fui parar no Semgelo e descobri que ele é blog da Fernanda D´Umbra, atriz que eu só fui conhecer agora por conta do Mothern e descobri um monte de coisas: que estou atrasadíssima porque ela é uma super atriz cheia de trabalhos bacanérrimos, que ela é casada com o Mario Bortolotto, um puta escritor que eu não li mas morro de vontade de e com quem o Rodrigo fez uma entrevista esses dias lá em São Paulo, e que além de ótima atriz ela é uma escritora de mão cheia!
Como gostei do blog dela fui fuçar o início de tudo, os primeiros posts, e me deparei com essa carta inacreditavelmente deliciosa, que ao descrever desse jeito amoroso a vida deles dois fala tudo que eu sinto e quero viver na minha vida aqui, tão longe e tão perto.
E como admiração é das drogas que eu mais gosto, taí pra todo mundo que passa aqui o texto da Fernanda, porque os fatos são outros mas o sentimento é o mesmo.
"Querido Mário,
Como fiz durante anos te escrevi uma carta e demorei tanto para postar que ela ficou velha. Então resolvi começar de novo. Era mais fácil escrever para você quando você morava longe e não sabia o que acontecia comigo e eu contava que estava doente, que não podia mais beber e você me respondia dizendo que andava viciado em Jack Daniel´s, mas que não tinha dinheiro e então tomava um conhaque vagabundo mesmo. Tive muita saudade de você, porque ficamos muitos anos separados. Você teve outras namoradas e eu tive outros namorados que me perguntavam de quem eram aquelas cartas. Eram todas do meu futuro marido, mas eu ainda não sabia disso.
Eu coloquei muitas cartas numa caixa de correio que tinha ali perto da FAAP porque eu fazia uma peça lá. Aquela caixa de correio era a coisa mais legal que tinha ali porque eu sabia que uns dois dias depois você receberia minha carta e eu poderia inventar qualquer coisa e, porque a gente não se via, aquilo seria verdade. Eu morava num prédio que não tinha elevador e uma vez caí feio na escada porque subi correndo para ler uma carta sua que tinha chegado. Fiquei com um roxo na perna e me lembrava de você: “foi o Mário”. Não tinha sido, mas eu queria que tivesse. E então um dia a gente se casou. E aquele moleque que eu achei lindo e para quem eu sorri descaradamente, que ficou conversando e bebeu comigo e tinha uma voz muito grossa que eu gostava de ouvir, o cara que tocava blues e escrevia peças e entrava em cena de um jeito que eu nunca tinha visto, meu Deus, esse cara agora era meu marido. E então eu teria que ser bacana mesmo, porque eu não podia mais escrever para você. Não podia mais me inventar para você. E eu beberia, dormiria e tomaria coca-cola na padaria com você. Apresentaria a você meu lado B e provocaria uma coleção de brigas cheia de figurinhas repetidas. Mas a gente tinha um colchão. E uma TV velha. E finalmente tínhamos um ao outro. E você era tudo o que eu queria. E todos os dias seriam plenos de amor e ódio. Ódio de ser contrariada, de ser abandonada em minha imaginação fértil e má. E você não sairia de dentro de mim nunca mais. Muitas vezes. E hoje quando você está na rua e liga para casa marcando de se encontrar comigo no cinema ou em qualquer outro lugar eu fico ansiosa e tenho taquicardia quando olho de longe e te vejo me esperando. E então eu sinto sua mão na minha cintura e sei que você é o mesmo cara que me escrevia e recebia meus postais vagabundos. E percebo que nunca, nunca mesmo, vou me acostumar com você. Você bem sabe do que tenho medo: de que você morra antes de mim e eu fique aqui com essas cartas e essas fotos. Eu que nunca me acostumei com você terei que me acostumar a viver sem você e então sentirei sua falta para sempre. E essa sim será uma grande sacanagem. Não faça isso com aquela garota que sorriu para você, roubou seu chopp e sentou no seu colo. Porque ela é sua agora. Um beijo enorme. Com amor, Fernanda."
Como gostei do blog dela fui fuçar o início de tudo, os primeiros posts, e me deparei com essa carta inacreditavelmente deliciosa, que ao descrever desse jeito amoroso a vida deles dois fala tudo que eu sinto e quero viver na minha vida aqui, tão longe e tão perto.
E como admiração é das drogas que eu mais gosto, taí pra todo mundo que passa aqui o texto da Fernanda, porque os fatos são outros mas o sentimento é o mesmo.
"Querido Mário,
Como fiz durante anos te escrevi uma carta e demorei tanto para postar que ela ficou velha. Então resolvi começar de novo. Era mais fácil escrever para você quando você morava longe e não sabia o que acontecia comigo e eu contava que estava doente, que não podia mais beber e você me respondia dizendo que andava viciado em Jack Daniel´s, mas que não tinha dinheiro e então tomava um conhaque vagabundo mesmo. Tive muita saudade de você, porque ficamos muitos anos separados. Você teve outras namoradas e eu tive outros namorados que me perguntavam de quem eram aquelas cartas. Eram todas do meu futuro marido, mas eu ainda não sabia disso.
Eu coloquei muitas cartas numa caixa de correio que tinha ali perto da FAAP porque eu fazia uma peça lá. Aquela caixa de correio era a coisa mais legal que tinha ali porque eu sabia que uns dois dias depois você receberia minha carta e eu poderia inventar qualquer coisa e, porque a gente não se via, aquilo seria verdade. Eu morava num prédio que não tinha elevador e uma vez caí feio na escada porque subi correndo para ler uma carta sua que tinha chegado. Fiquei com um roxo na perna e me lembrava de você: “foi o Mário”. Não tinha sido, mas eu queria que tivesse. E então um dia a gente se casou. E aquele moleque que eu achei lindo e para quem eu sorri descaradamente, que ficou conversando e bebeu comigo e tinha uma voz muito grossa que eu gostava de ouvir, o cara que tocava blues e escrevia peças e entrava em cena de um jeito que eu nunca tinha visto, meu Deus, esse cara agora era meu marido. E então eu teria que ser bacana mesmo, porque eu não podia mais escrever para você. Não podia mais me inventar para você. E eu beberia, dormiria e tomaria coca-cola na padaria com você. Apresentaria a você meu lado B e provocaria uma coleção de brigas cheia de figurinhas repetidas. Mas a gente tinha um colchão. E uma TV velha. E finalmente tínhamos um ao outro. E você era tudo o que eu queria. E todos os dias seriam plenos de amor e ódio. Ódio de ser contrariada, de ser abandonada em minha imaginação fértil e má. E você não sairia de dentro de mim nunca mais. Muitas vezes. E hoje quando você está na rua e liga para casa marcando de se encontrar comigo no cinema ou em qualquer outro lugar eu fico ansiosa e tenho taquicardia quando olho de longe e te vejo me esperando. E então eu sinto sua mão na minha cintura e sei que você é o mesmo cara que me escrevia e recebia meus postais vagabundos. E percebo que nunca, nunca mesmo, vou me acostumar com você. Você bem sabe do que tenho medo: de que você morra antes de mim e eu fique aqui com essas cartas e essas fotos. Eu que nunca me acostumei com você terei que me acostumar a viver sem você e então sentirei sua falta para sempre. E essa sim será uma grande sacanagem. Não faça isso com aquela garota que sorriu para você, roubou seu chopp e sentou no seu colo. Porque ela é sua agora. Um beijo enorme. Com amor, Fernanda."
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