22.9.09

nas europas

então depois de dois anos de planejamento e dois meses de absoluta dedicação aos trabalhos e sumiço do mundo, hoje começa a famosa "viagem-pra-europa-de-férias-e-lua-de-mel ".

nem acredito que amanhã a essa hora vou estar domindo em lisboa - dormindo, porque estar acordada agora,às 7h22 de terça-feira, é pura ansiedade pelos últimos preparativos que incluem ir na pedicure cuidar de uma unha querendo encravar, buscar uma sapatilha no sapateiro, dar beijos na ceição e na graça, que cuidaram de mim desde pequena, e ainda deixar as recomendações pra nossa diarista que virá uns dias durante esse mês.

sim, é um mês. a felicidade existe, e eu tô doida pra chafurdar nela!

ps 1:pode ser que eu mande fotos e notícias. pode ser que não. então já me desculpo pelo sumiço, e se eu aparecer é lucro!

ps2: de brinde antes de viajar, deixo os vídeos de apresentação dos músicos da Les Pops, uma banda nova e ótima, formada por três compositores incríveis: o meu amor Rodrigo Bittencourt, e mais Daniel Lopes e Thiago Antunes.

19.9.09

Salve Geral na disputa pelo Oscar!

Ontem foi um dia frenético. Ao meio-dia saiu o anúncio de que o filme do papai era o representante brasileiro a uma das cinco vagas de melhor filme estrangeiro no Oscar do ano que vem. Ele, que tá no 12o filme, com uma carreira feliz e bem sucedida, me disse que nunca teve um dia assim, tão frenético e feliz. Porque o sucesso de um filme se dá em goles, com uma crítica boa ali, uma matéria legal lá, e as respostas das pessoas que devagarzinho vão assistindo.

Mas essa história do Oscar não. É uma notícia, que saiu ao meio-dia, e cinco minutos depois ele estava dando entrevistas ao vivo pelo telefone, e assim foi o resto do dia inteiro, culminando com uma puta festona que já estava marcada mas serviu de celebração pra essa alegria quase inesperada. Estamos felizes, todos, curtindo essa onda. Agora é esperar fevereiro e ver se o filme consegue passar nessa peneira tão fininha. Mas até lá o mais importante já vai ter acontecido, que é o lançamento dia 2 de outubro, e a carreira do filme aqui no Brasil, que vai ser potencializada por essa indicação, e viva ela!

Tem matérias legais sobre o filme aqui, aqui e aqui. E aproveito pra avisar que o making of do filme, feito por mim, estréia hoje no Canal Brasil às 22h35, e tem reprises depois nos seguintes dias:

19/09 (HOJE) - 22h35
20/09 (dom) - 15h45
22/09 (3a) - 2h10
24/09 (5a) - 8h40

16.9.09

Das delícias

Botar o livro na rua tem dores e delícias. Falei sobre isso aqui, concluindo que na verdade tudo é delícia, mesmo que às vezes meio amarga, meio azeda, porque ter o trabalho comentado já é sensacional.

Mas é preciso dizer que uma
resenha
como essa aqui embaixo é muito, mas muito mais gostosa de receber... Saiu no jornal Rascunho, de Curitiba, que eu conheci agora e adorei, escrita pelo Igor Fagundes, que é um poeta dos bons, e fez uma resenha das mais poéticas e carinhosas pro Bendita Palavra!

POESIA ANFITRIÃ

Igor Fagundes • Rio de Janeiro – RJ



Bendita palavra
Maria Rezende
7Letras
60 págs.

Se livros são espécies de casas, com direito a portas, janelas, sótãos e porões, este Bendita palavra, de Maria Rezende, também se (nos) constrói como habitat e habitante, persona anfitriã ao nos chamar, convidar, receber com carinho, delicadeza e cumplicidade, desde a entrada, onde, já descalços, rumamos ao café na sala, ou na cozinha, ao som de um velho rádio de pilha, rindo lágrimas, chorando sorrisos. Entre açúcares, adoçantes, amigos e desconhecidos.

Essa doçura, isto é, essa hospitalidade de Bendita palavra começa antes da poesia propriamente dita. Diríamos, ainda, que a poesia, propriamente não-dita, começa por fora, antes de cada um dos poemas por dentro escritos e que grafitam "com o dedo um muro sem argamassa". Principia nos cuidados poético-editoriais, no design da capa, em cuja foto - com o rosto da autora tão de frente mesmo tão de costas, de novelos-labirintos de cabelo nitidamente embaçado - antecipa e precipita o "jeito particular de se exibir e se esconder", trejeito fundamental de toda poética. E é na pista do corpo da artista tornada sua própria obra de arte, nesta assunção do eu como espaço e tempo em que a palavra se tatua ("um dia as crianças vão deitar sobre meu corpo pra aprender a soletrar"), que se flagra o tônus deste livro nada encabulado de querer-se diário íntimo-e-de-todos, conforme nos confessa outro esmero, o da quarta capa, ao projetar rabiscos e rasuras de caderno: bloquinho de anotações, sensações em bloco, em que o leitor, acolhido antes de acolher, se informa a respeito do que encontrará nesta casa, que, por oportunamente se exibir e se esconder, sabe também da manha-anfitriã de não revelar tudo. O sabor daquele café ao som do velho rádio, o jovem beijo da xícara, o abraço infante da colher no pires, só os saberemos se aceitarmos o apelo para prová-los. Difícil recusar o convite. Folheamos a morada e o cheiro-cafeína nos folheia a trazer: "6 desertos, 17 amores, 26 medos, 9 desejos, 7 filhos, 48 eus, 19 palavras, 3 raivas, 7 sonhos, 7 mulheres, 9 quandos, 22 casas, 9 homens, 16 noites, 13 mundos, 5 tardes, 15 dias, 4 erros, 4 solidões, 11 silêncios, 3 ruas, 8 crianças, 1 surpresa, 1 loucura, 1 romance, 1 coração, 1 pessoa, 2 angústias...".

Que não se espere aqui, no entanto, matemáticas (forma fixa, pensamento preciso), pois "o risco não é só um traço", mas "bambo da corda solta no ar", "pergunta te atacando ao meio-dia". Depois do café, ficamos para o almoço? "As coisas boas são prisões sem grades" e nos sentimos livres com a porta trancada se, de aberturas, vive o lar repleto. E as persianas. E as cortinas. Nós, despojados como a dicção dos quartos de Maria da Poesia Rezende, bem como de seus corredores e paredes com tinta desbotada, carnadura retorcida por veios de infiltrações, que "o amor quando insiste deixa a gente encharcado". É bem provável que, por conta disso, a voz exageradamente lírica (e o exagero é risonhamente destacado com exagero na biografia da poeta), invente "uma fala clara/ palavra feita pra boca/ com jeito de todo dia". De novo, a hospitalidade desta escrita comparece na vocação para a oralidade (o livro tem até sua versão em CD), em que o coloquial e até desbocado ("adoro pau mole pelo que ele encerra de possibilidade") se tornam trunfo e triunfo de uma conversa sem protocolos, desejosa apenas de se sentir cotidiana e à vontade, de nos fazer com que igualmente nos sintamos com ela à vontade, e com vontade de também relaxar nosso verbo, sem perder-lhe a força e a graça: "Nu aqui é pelado/ seio é peito/ (...)// Aqui não cabe floreio/ aqui reverto a inversão/ simplicidade, aqui, é sofisticação".

Todavia, poderíamos listar algumas quinas encardidas pelo caminho, dois ou três tapetes de banheiro molhados, dois quartos de cama ainda desfeita (da hora de acordar à de, mais uma vez, dormir), pilha de louças por lavar na cozinha, porque o lirismo com excessiva sede de claridade, despudor, desregramento e comunicabilidade não está livre de resvalar no confessionalismo, por vezes fatigante para quem lê. Afinal, as emoções particulares de um poeta, embora matéria-prima (mas não garantia) de arte, não interessariam ao leitor à procura de conteúdo transmitido por forma trabalhada sem caprichos de ego. Bendita palavra não é recomendável para quem preza obras ricas em recursos estilísticos, virtuose imagética-fônica-rítmica, impessoalidade discursiva a fim de conceder voz apenas à linguagem. Não raro, e no entanto, a fartura desses elementos culminaria muito mais em retórica do que necessariamente em poesia e um visitante descomprometido com preconceitos e manuais por vezes mofados de estética pode realmente se tornar hóspede contente e se surpreender com estes rascunhos de "encaixes perfeitos", "brilhos nos olhos", "gente que abre a gente feito flor, cebola", "mundos no mundo". Não é fácil, por exemplo, escrever sobre a morte com tanta leveza ("Morrer podia ser só um pouquinho/ podia ser um passeio/ viagem pela noite que acabasse no café") e é por ternuras dessa tez que ficamos não só para o jantar como ansiamos para o dia seguinte não chegar nunca: "Amanhã, o sol arrebenta na cara/ e as olheiras afundam um pouco mais// (Mas felicidade não é muito diferente disso não)". "Por isso a festa", para quem, em solidão, aprende a dançar com e na bendita palavra.

8.9.09

Em Italiano!

Tá bom, voltei praquela fase de só falar das coisas boas que estão rolando com a minha poesia, e refletir pouco, e escrever pouco inspiradamente. É que o tempo anda mais curto do que dá pra acreditar, e gente, eu não aguento as respostas que recebo através do livro e do blog!

Agora foi a vez da Bebel, que deixou recado aqui dizendo que minha poesia está fazendo sucesso na Itália, e eu que sou curiosa perguntei como assim e sente só: a avó dela morreu esse ano, ela quis fazer uma homenagem e mandou pra todo o meu poema sobre morrer. Aí como ela tem amigos na Itália e, muito chique, fala italiano, ela traduziu o poema pra mandar pra eles. Cês acham que eu resisto? Pedi pra ela me mandar, e agora vou ficar aqui me achando o máximo e tentando ler em voz alta o meu poema em italiano. Genial!

Morire poteva essere solo un po'
Poteva essere una gita
Viaggio verso la notte che finisse in un caffè

Morire come un'avventura
Una montagna
Camminare verso il deserto a piede dopo ritornare

Come ballare d'occhi chiusi
Perdersi in un altro corpo
Come un buon whisky, un sonno per intero, un piacere, un odore

Morire poteva essere anche un castigo
Porta chiusa con scadenza di fine
Ma non questo buco, questo abisso

Il tuo riso per sempre assente
La tua musica suonando in me

(poema da Maria, tradução da Bebel)

5.9.09

Salve Geral

Papai está de filme novo na praça. Salve Geral estréia dia 2 de outubro, contando a história de uma mãe que tem o filho preso e se embrenha no mundo das cadeias de Sâo Paulo no ano que precede os ataques de uma facção criminosa que apavorou o Brasil em maio de 2006. Andrea Beltrão emociona como essa mulher, Lucia, e o ator que faz o filho dela é o Lee Thalor, uma revelação do teatro paulista. Quem ajuda a Lucia a melhorar a vida do filho, ao mesmo tempo envolvendo ela nos esquemas do crime é a Ruiva, personagem que vestiu como uma luva na Denise Weinberg, atriz premiadíssima mas ainda desconhecida do grande público. O resto do elenco, que é enorme, segue essa linha: grandes atores pouco conhecidos, o que garante um mistério que torna o filme ainda mais sedutor.

O trailer aí em cima já tá nos cinemas, e foi feito por mim e pelo Rodrigo, que estamos firmes nesse mercado desde o sucesso do Meu nome não é Johnny. Ah, e pra quem não sabe, o papai é o Sergio Rezende, diretor do filme!

4.9.09

da Viviane Mosé

O silêncio não quer ser sozinho, então ele fala
Quem escreve ouve porque cala
Quem escreve escrava
O que o silêncio
Palavra