30.4.10

chegar

transito que quase me faz perder o aviao

voo lotado, sento do lado de um homem enorme, cujas pernas nao cabem no minimo espaco a sua frente, e a direita sobra pro lado da minha esquerda, ele de short, eu de vestido, so o cobertor pra me salvar do contato horrivel. na hora do jantar ele compra duas garrafinhas de vinho e uma coca light, mistura tudo e bebe por interminaveis minutos

do lado direito, um casal com um menino de um ano que gritava, hiperbolico, feliz, e chorava quando tentavam conte-lo, e vomitou quando a mae deu remedio

miami as 4 da matina, imigracao tranquila, cha no starbucks, sanduiche frio "can you heat it up, please" "no mam we don't" "ok thanks"

voo parte dois, feliz com um velhinho chines do meu lado, pequeno e silencioso. menos feliz quando ele tira da bolsa um vidro de azeitonas com cha e bebe direto do vidro

ny 11h, mala demora, transitinho, brooklyn, North 5th street, fe na janela, loura como so em ny se pode ser, abracos na rua, parece que foi ontem, parece que tem anos, mala escada acima, mala escada acima, casinha linda, papo, conversa

que bom chegar

16.4.10

dez

dez dias pra próxima viagem. vai ter reencontro com pessoa querida depois de oito meses, vai ter reencontro com pessoa querida depois de quatro meses, vai ter reencontro com pessoa querida depois de cinco anos. cinco anos sem ver alguém e ainda com vontade de ver é muito, não é? e na última vez em nos vimos também tinha isso, cinco anos que não nos víamos. bom manter uma amizade assim, apesar dos cinco anos de distância entre cada encontro. mas não é sempre suficiente, sabe, por isso pego um avião e vou. e a saudade que eu tinha guardado num lugar secreto porque era preciso agora desvenda as frestas, sai abrindo gavetas e caramba, os dez dias ficam muito.

e também tem a coisa de voltar a uma cidade depois de treze anos. treze. é muito. quase a primeira vez de novo. e tem a coisa do templo de consumo absoluto. e eu sou vulnerável nesse quesito. e a lista só cresce.

e aí tem a coisa de ficar sem meu amor esse tempo. duas semanas. duas semanas e dois dias. o tempo passa lento sem ele, como eu já disse em poema do primeiro livro que fecha esse post misterioso:

Na praia escura soam os relógios
Badalam as horas derretidas pelo sol do Ceará
Os ponteiros girando, moles
Aumentam o tamanho dos dias

O tempo muda enquanto passa
E não é o mesmo dentro e fora desse amor
Tem o tempo do trabalho
- dias que voam
E o tempo da saudade
- horas arrastadas

Tem o tempo daqui e o tempo daí
Dalí sabia, por isso espremeu os relógios
O que pinga deles é o sumo das horas
Segundos gotejantes me escorrendo pelos dedos
No tempo que é sem você

13.4.10

atualizando o corpitcho

A estratégia está dando certo. Osteopata sensacional, na primeira sessão já saí outra. Ela ficou completamente passada com o estado do meu corpo - o que não sei se é orgulho do tipo "estão vendo o que eu passei?" ou vexame do tipo "como é que eu fui ficar assim". Hoje voltei lá meio ruim de novo, porque ontem teve feira, hoje teve pedreiro, e teve uma longa caminhada porque voltar de ônibus de copacabana pra gávea não é tão simples assim. Mas semana que vem tem mais, e eu tô animadíssima com o investimento.