Eu, Maria, em 15 de novembro de 2011, às 23:12, estou em casa - Gávea, Rio de Janeiro, Brasil - escrevendo. Isso agora. Às 23:11 eu lia emails. Às 23:08 eu via tv. Às 22h36 eu servia sorvete de café crocante num potinho pequeno de cerâmica azul que foi presente de uma das minhas pessoas preferidas no mundo, e às 22h38 eu comia o sorvete com uma colher de chá economizando os crocantes. É noite de um dia cinza e choveu com vento forte mas parou logo. Ontem fez calor e à noite eu chorei com gritos e soluços como nem lembro mais quando. Ontem teve Tylenol, Kleenex e Sorine, telefonema internacional, telefonema logo ali de Ipanema e palavras de conforto em mensagens digitais. Escrevo no quarto de hóspedes, que já foi escritório de outra pessoa preferida e seria (será?) quarto de bebê, na mesa e na cadeira onde outro corpo sentou tantas e tantas noites, mas não no mesmo teclado. Me impressiona a capacidade de reinventar a vida. Me impressiona a minha. Me espanta e me agrada o meu compromisso com a alegria, o meu desejo do bom. Secar lágrimas e dançar na cozinha. Tem ansiedade, tem dor, tem incompreensão, a vida. Mas tem muito mais mão dada, música, sorriso, cobertor. Outro dia uma das minhas pessoas preferidas dizia com olhos brilhando que eu era a melhor coloridora de figuras em preto e branco com pilot em álbuns de capa mole e páginas de papel grosso. Esses dias eu falei entre lágrimas de emoção e alegria no casamento dela. No dia em que alguém ler isso eu terei 33 anos pela primeira vez. Às 23:24 de 15 de novembro de 2011, em casa, na Gávea, Rio, Brasil, eu, Maria, escrevo e sinto. Eu, Maria, não me canso nunca de sentir.
(A edição #18 saiu domingo passado, mas ai, era meu aniversário e eu fiquei de cama e aí vim pra Recife e passei batida por esse texto que eu tanto gostei de escrever. O tema/título era "Você está aqui agora" e ficou demais a revista toda começando por "Eu, ..., em ..., às ..., estou em ... fazendo ...". Muito doido ver a ordem em que cada um escreveu e que idéias loucas passaram pelas cabeças com esse mote tão livre. Ficou massa. (sim, agora tô pernambucana, visse?).
(A edição #18 saiu domingo passado, mas ai, era meu aniversário e eu fiquei de cama e aí vim pra Recife e passei batida por esse texto que eu tanto gostei de escrever. O tema/título era "Você está aqui agora" e ficou demais a revista toda começando por "Eu, ..., em ..., às ..., estou em ... fazendo ...". Muito doido ver a ordem em que cada um escreveu e que idéias loucas passaram pelas cabeças com esse mote tão livre. Ficou massa. (sim, agora tô pernambucana, visse?).
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