"Carne do umbigo", "Bendita palavra" e "Substantivo feminino" são a versao impressa e bem acabada do que rola aqui. Quer me ter na sua mão em forma de livro e disco? Me escreve aqui!
30.12.07
ímpar-par
Também teve alguns nãos, mudanças de rumos, teve portunhol e champanhe, poemas bonitos, noites em claro.
Teve a descoberta da maturidade, a invenção de caminhos, e agora levo comigo um EU imaginário gravado no pulso esquerdo.
Foi um ano de acontecimentos insuspeitos e inesperados, e que termina tão redondo, tão suave, que me faz mais forte pra 2008, 9, 29...
Não sei se deus existe, se tem mais depois da morte, nem qual a origem da vida, mas sei bem pra que estamos aqui: pra ser feliz e aproveitar.
E eu cumpro a missão com alegria!
21.12.07
o tempo
Um punhado de cabelos brancos
Dinheiro pra viver um ano
E quero ser mãe.
Quero ser mãe antes da riqueza
Antes da fartura
Quero ser mãe sem tinta no cabelo
Quero antes que seja tarde
Antes que eu seja velha
Antes que seja o fim.
Quero agora pra não mudar de idéia
Quero logo porque o medo ronda
Quero enquanto há inocência em mim.
A prata em meio aos fios me apressa, me assusta
Faz urgir o meu desejo:
Quero ser mãe de cabelos pretos.
14.12.07
sabedoria
são palavras simples, apenas uma atrás da outra, mas um dia a gente aprende a morar dentro delas:
eu gosto de quem gosta de mim
eu acho interessante quem interage comigo
eu tenho tesão em quem brinca de ser legal
eu aceito o ínfimo, o prazo de validade e as infinitudes de todos os encontros...
afinal o ninho é feito de um material diferente do pássaro"
(trecho de email/carta do meu amigo, poeta e sábio Pedro Cezar, no longínquo ano de 2002)
noturno
Não é saudade de ninguém
Não é sono nem insônia
Não tem angústia no escuro
Apagado, o abajur descansa
Os cabelos não dormem sob o vento do teto
Idéias de receitas cruzam a cabeça
O corpo deitado sabe que não vai dar certo
Mas tira a lâmpada do repouso
Os dedos trabalham e os olhos reclamam:
É tudo esforço inútil
Amanhã o sol arrebenta na cara
E as olheiras afundam um pouco mais
(Mas felicidade não é muito diferente disso não)
13.12.07
Natal com sentido II
Funciona assim: todo ano eles recebem milhares de cartas de crianças pedindo presentes, e qualquer um pode ir a uma agência e adotar uma carta. Você tem que passar na Avenida Presidente Vargas, numa mega agência dos Correios que centraliza as cartinhas, e escolher uma carta pra adotar. Daí você compra o presente que a criança pediu e deixa lá na agência, e os Correios mandam um carteiro vestido de Papai Noel fazer as entregas.
Os presentes têm que ser entregues lá até dia 19, então é bom passar lá logo pra dar tempo de comprar e voltar pra entregar. O telefone pra contato é (21) 2503 8820 ou 2503 8110, mas tem no Brasil todo, você pode descobrir onde é na sua cidade clicando aqui.
Ok, podia ser mais fácil. Ir ao centro nessa época do ano, e ainda por cima com essa chuva? Mas a gente faz tanta coisa chata à toa, essa pelo menos tem um belo propósito! Animem-se!
12.12.07
mergulho
10.12.07
5.12.07
identificação
Fernando Maatz é um puta escritor, diz o que quer do melhor jeito, sem fazer tipinho, e ainda falou de sonhos que são os meus sonhos que são os sonhos de todo mundo ou quase mas falou do jeito dele.
Ainda não clicou? Clica! Vai lá logo! Tchau.
4.12.07
livro novo - aperitivo
Pessoas boas são carcereiros sem chaves
O conforto é uma corrente que ata aos pés bolas imensas
Felicidade é parede encobrindo o outro lado
Bons poemas são veneno: afastam palavras novas
Caminhos cheios de setas não dão em praias desertas
O acerto de anteontem mata o risco dessa tarde
O sucesso é um uniforme que te obrigam a vestir
E o que é bom vira uma sina
Mantém o mundo de cabeça pra cima
E você preso nesse lugar.
1.12.07
hoje e todo dia
29.11.07
7 coisas estranhas
A parte da qual eu gostei foi a proposta de fazer uma lista de 7 coisas estranhas sobre mim, então aí vai:
1. eu odeio usar sutiã, e apesar disso tenho uma coleção de uns 20
2. eu amo supermercado, do Pão de Açúcar chique ao Mundial da Lapa
3. eu só fiz a sobrancelha pela primeira vez depois que a minha avó materna morreu - ela amava minha sobrancelha grossérrima
4. eu calço 39/40 e passei uns dois anos usando só tênis bamba, sapatilha chinesa e chinelo, até as fábricas de calçado entenderem que mulher de pé grande também é gente
5. eu guardo um vestido pra usar quando estiver grávida desde os 15 anos. sim, ainda cabe.
6. eu mesma inventei meu único apelido: esse mariadapoesia que está quase roubando meu nome
7. eu sou feliz. nem sempre estou, mas sou. sim, pra alguns isso é estranho. eu adoro essa estranheza
eram só 7, né? então tenho dito.
21.11.07
14.11.07
desejo necessidade vontade
re-pintura do apê
1 editora pro Bendita Palavra
1 ou 2 ou 3 ou 1000 desumidificadores pra tudo que há na casa parar de mofar
1 escutador de mp3 de qualquer marca pequenino e bonitinho1 pacote de chá verde bom, com folhinhas enrugadas que se abrem na água quente, que nem o que veio de Chinatown e diferente dos três que eu já tentei por aqui
1 brinco prateado, fosco e básico e chique, que nem o que eu tive por anos e de cujo par pra minha tristeza só restou um
quadrinhos pequenininhos pra minha parede de quadrinhos pequenininhos
1 gravador de dvd externo que não dê erro a cada dois usos
1 parafuso que caiu do meu lado da cama, devidamente preso no lugar
e ainda...
10.11.07
7.11.07
6.11.07
noturno
cava
um poço de petróleo
em meu estômago.
Viscoso e negro brota,
entre outras flores,
o medo.
3.11.07
é isso
Como gostei do blog dela fui fuçar o início de tudo, os primeiros posts, e me deparei com essa carta inacreditavelmente deliciosa, que ao descrever desse jeito amoroso a vida deles dois fala tudo que eu sinto e quero viver na minha vida aqui, tão longe e tão perto.
E como admiração é das drogas que eu mais gosto, taí pra todo mundo que passa aqui o texto da Fernanda, porque os fatos são outros mas o sentimento é o mesmo.
"Querido Mário,
Como fiz durante anos te escrevi uma carta e demorei tanto para postar que ela ficou velha. Então resolvi começar de novo. Era mais fácil escrever para você quando você morava longe e não sabia o que acontecia comigo e eu contava que estava doente, que não podia mais beber e você me respondia dizendo que andava viciado em Jack Daniel´s, mas que não tinha dinheiro e então tomava um conhaque vagabundo mesmo. Tive muita saudade de você, porque ficamos muitos anos separados. Você teve outras namoradas e eu tive outros namorados que me perguntavam de quem eram aquelas cartas. Eram todas do meu futuro marido, mas eu ainda não sabia disso.
Eu coloquei muitas cartas numa caixa de correio que tinha ali perto da FAAP porque eu fazia uma peça lá. Aquela caixa de correio era a coisa mais legal que tinha ali porque eu sabia que uns dois dias depois você receberia minha carta e eu poderia inventar qualquer coisa e, porque a gente não se via, aquilo seria verdade. Eu morava num prédio que não tinha elevador e uma vez caí feio na escada porque subi correndo para ler uma carta sua que tinha chegado. Fiquei com um roxo na perna e me lembrava de você: “foi o Mário”. Não tinha sido, mas eu queria que tivesse. E então um dia a gente se casou. E aquele moleque que eu achei lindo e para quem eu sorri descaradamente, que ficou conversando e bebeu comigo e tinha uma voz muito grossa que eu gostava de ouvir, o cara que tocava blues e escrevia peças e entrava em cena de um jeito que eu nunca tinha visto, meu Deus, esse cara agora era meu marido. E então eu teria que ser bacana mesmo, porque eu não podia mais escrever para você. Não podia mais me inventar para você. E eu beberia, dormiria e tomaria coca-cola na padaria com você. Apresentaria a você meu lado B e provocaria uma coleção de brigas cheia de figurinhas repetidas. Mas a gente tinha um colchão. E uma TV velha. E finalmente tínhamos um ao outro. E você era tudo o que eu queria. E todos os dias seriam plenos de amor e ódio. Ódio de ser contrariada, de ser abandonada em minha imaginação fértil e má. E você não sairia de dentro de mim nunca mais. Muitas vezes. E hoje quando você está na rua e liga para casa marcando de se encontrar comigo no cinema ou em qualquer outro lugar eu fico ansiosa e tenho taquicardia quando olho de longe e te vejo me esperando. E então eu sinto sua mão na minha cintura e sei que você é o mesmo cara que me escrevia e recebia meus postais vagabundos. E percebo que nunca, nunca mesmo, vou me acostumar com você. Você bem sabe do que tenho medo: de que você morra antes de mim e eu fique aqui com essas cartas e essas fotos. Eu que nunca me acostumei com você terei que me acostumar a viver sem você e então sentirei sua falta para sempre. E essa sim será uma grande sacanagem. Não faça isso com aquela garota que sorriu para você, roubou seu chopp e sentou no seu colo. Porque ela é sua agora. Um beijo enorme. Com amor, Fernanda."
28.10.07
orgulho
Expandindo os limites do trabalho como montadora, esse ano estreei com o Rodrigo no mercado de trailer pra cinema. Todo filme tem que ter trailer, e tem pouquíssima gente no Brasil fazendo isso. É um trabalho exaustivo porque fundamental na carreira do filme, sendo que tem muito mais filme do que sala de cinema e se o público não lotar na primeira semana o filme corre o risco de não ficar muito tempo em cartaz.
Além disso, o trailer é uma peça de venda feita pra ser assistida justamente pelo público alvo, que é quem já está no cinema, ou seja, ele TEM que entusiasmar quem vê. Por tudo isso foram muitas horas de trabalho, muitas reuniões, muitas idas e vindas e opiniões, tudo pra chegar a um resultado à altura do filme.
Como se já não fosse pressão suficiente, ainda estreamos com "Meu nome não é Johnny" , um filme que está cercado de expectativas, e portanto a responsabilidade era ainda maior! Fizemos o trabalho no risco, e agora, com o trailer pronto, a gente tem muitas razões de orgulho: todo mundo está adorando!
Por enquanto ele só pode ser visto no Youtube e no site do filme, mas quando o nosso trailer "entrar em cartaz" confesso que irei de bom grado pagar um ingresso só pra ver esses dois minutos e meio de trabalho no telão!
23.10.07
depois
quando o furacão não derruba a casa
porque o que não mata engorda
sendo que podia ser o fim
o que era difícil vira adubo pra nascer a força
jardim suspenso de gozos insuspeitos
e a felicidade, plena, brota no ar
22.10.07
16.10.07
defícil
pode ser lindo
pode doer, arranhar, tirar sangue
pode ser silêncio
pode ser ruído
noite quieta ou multidão
medo da luz
picada de bicho
canto de unha no duro dos dentes
pode ser música na tarde
sala vazia
pode ser manhã de sol
a vida tem partes
às vezes tanta coisa
quase sempre, difícil
e ainda assim, bonito
10.10.07
Inoportuna
3.10.07
estréia
Então ontem foi a estréia do Elke nas telonas! E foi em grande estilo, no Festival do Rio, que além de ser o maior da América Latina, é o do coração de nós cariocas! A tarde foi incrível, Julia e Camila nervosíssimas, Elke super emocionada, muitos amigos na platéia, e foi um tal de perna tremendo, voz falhando, discurso ensaiado ficando pra trás, e quando o filme finalmente encheu a tela do Odeon foi muita felicidade e alívio: ufa, deu tudo certo mesmo!
Pra mim, que montei o filme e passei tardes e tardes ouvindo os depoimentos, pensando se essa frase ficava ou saía, se aquela imagem durava meio segundo a mais ou a menos, foi muito bacana ver o filme pronto, depois de algum tempo sem mexer nele. Tudo que já era banal de tanta repetição aqui na ilha de montagem ganhou força e impacto no cinema lotado. O que era engraçado teve a confirmação das risadas, o que era sério mereceu silêncios, e o desejo da Julia de fazer um filme pra revelar a mulher por trás do estereótipo provou ser boa e relevante ali, naquela hora, ainda mais do que em todo o processo.
Agora o filme tá na rua, e tem muita estrada pela frente: já foi aceito na Mostra São Paulo de Cinema, no Festival Mix Brasil, e no Festival Internacional de Curtas do Rio. Em outubro tem projeção em Sampa, e até o fim da semana o filme está disponível no site Porta Curtas. Aproveitem!
27.9.07
trapézio
A vida é por princípio um fino fio, e a gente tenta se equilibrar.
Tem quem meça cada passo
Tem quem corra pra enganar o medo
Eu faço do fio estrada asfaltada
e ando com calma e sem pressa
apreciando a vista
assobiando baixinho.
Eu finjo que a vida é uma estrada e esqueço do fino fio
daí o susto da iminência da queda:
cair como de tanta solidez?
Me assusto, estremeço
o chão foge dos pés
e a distância se abre imensa nos olhos:
um monte de nada até lá embaixo
o fino fio balançando bem de leve...
É um desespero sem morte
a vertigem mais profunda.
A vida cobrando a conta da calma, da vista, dos assobios
e eu, desabituada, evito olhar pra baixo
pra não virar ovo estrelado no chão da realidade.
24.9.07
America Latina II
14.9.07
América Latina I
A semana passada foi de férias imprevistas pro casal. Foi nossa segunda viagem pela América do Sul, e nossa estréia no Uruguai, em Montevideo, cidade linda a que a gente nunca tinha ido. A maioria das pessoas com quem conversei na semana que separou a decisão de ir pra lá pra ida propriamente dita nos perguntou: mas por que Montevideo? O tom variava da curiosidade genuína a um espanto que teria desanimado alguns. Mas não eu, leitora apaixonada do uruguaio Eduardo Galeano e seduzida pelo seu olhar amoroso pra sua cidade. E respondia assim mesmo: porque eu adoro Galeano, porque aprendi com ele que nós brasileiros somos também latinoamericanos, e nada mais lógico do que conhecer os países vizinhos, ainda mais quando a Europa anda tão cara e os Estados Unidos nos barram na porta. E além disso de lá vem o Jorge Drexler, melhor descoberta musical dos últimos anos, cujo disco "Eco" não sai da vitrola aqui de casa desde que compramos.
Montevideo é linda, uma cidade com orla de rio e tempo de antigamente, cheia de praças bonitas, bares e restaurantes bacanas, e muita gente simpática pra todo lado. Tudo lá estava incrivelmente barato pra gente, e aproveitamos pra comer bem e passear muito. A dica pra quem for é ficar no Centro, onde era nosso albergue Che Lagarto, escolhido exatamente por isso. Só que chegando lá detestamos nosso quarto, que não tinha mesa-cadeira-cabide-armário, nada além da cama e olhe lá. Daí fomos parar num hotel Ibis, padrão-americano de qualidade, que realmente nos deu tudo o que a gente precisava por uns poucos dólares a mais que o albergue, e que apesar de estar fora do Centro era de frente pra Rambla, o que compensava a perda.
Andamos feito loucos, comemos a qualquer hora, fizemos tudo que deu na telha, arrastamos malas pela rua, dirigimos sem saber o caminho, compramos sapatos iguais, e eu comprei, já sabendo que nem ia tocar nele lá, o último livro do Galeano que me falta ler, "Venas abiertas de la America Latina", assim mesmo, em espanhol, porque o medinho que eu tinha de ler esse livro se foi quando dei de cara com o Uruguai e percebi o quão perto ele está de tudo, o quão perto a gente está de lá e de tudo mais, e agora, já no Rio, aproveito o prazer de ler esse cara que eu adoro na sua língua, e de conhecer o que ele teve a dizer sobre tudo isso ainda nos anos 60, e que é cada vez mais relevante nos anos 2mil.
Dicas pra quem for:
- andar pela Rambla, que é a orla de lá e corta a cidade de uma ponta a outra, ou seja, de Carrasco (bairro antigo e cheio de casas deslumbrantes e sem muros ou grades, pra nosso espanto carioca) até o Mercado del Puerto, antigo mercado transformado em centro gastronômico que reúne restaurantes de 'parrilla' (churrasco deles) e bares bons pra beber medio-a-medio, mistura de vinhos brancos e espumante típica de lá.
- se admirar com a beleza da Plaza Independencia, passar pela Puerta de la Ciudadela e andar pela Ciudad Vieja, sentar nas praças e se sentir seguro em qualquer ruazinha deserta
- jantar no Bar Tabaré, um bar-restaurante super tradicional e ainda assim moderninho, ótima comida e clima
- ouvir boa música e beber 'uvita' (outra mistura de vinhos deliciosa, que só esse bar tem) no Baar Fun Fun, perto da Plaza Independencia
- passar uma noite pulando de bar em bar na Calle Bartolomeu Mitre, na entrada da Ciudad Vieja: são vários, cada um num estilo, quase todos com música ao vivo, e como os preços são ótimos dá pra beber e comer um pouquinho em cada um
- sentar pra tomar alguma coisa no Café Brasileiro, lugar preferido do Galeano (se é que alguém além de mim se interessa por essa informação). Independente da literatura, é um dos cafés mais antigos da cidade, e apesar da gente não ter gostado de nenhum café (a bebida, não o lugar) em Montevideo, vale uma visita
- pegar um barco pra ir a Buenos Aires, que pode ser direto de Montevideo (3h de viagem) ou passar por Colônia, cidade que todo mundo diz que é linda mas que a gente acabou não conhecendo, por confusões de viagem e uma certa ansiedade de chegar em Buenos Aires, que a gente ama.
Notícias de lá no próximo post...
5.9.07
será mesmo?
Sempre fui péssima em geografia. Durante a escola era só estudar na véspera das provas, mas agora, na vida real, é que a coisa pega mesmo. O Brasil até que eu entendo bem, graças à sorte de ter viajado bastante pelo país, o que me faz saber onde ficam os estados. Parece básico, mas é me deixa feliz!
Seguindo pra América do Sul ainda me entendo, a America do Norte faz o favor de ter poucos países, e aí quando vem a Europa me perco toda. Ok, a Itália é uma bota e a Inglaterra é uma ilha, mas são tantos países, meu deus! Não adianta, não sei mesmo onde eles estão... África, Ásia, Oriente Médio, aí é como se fosse Marte, Vênus, Urano: nenhuma remota noção.
Digo isso tudo porque instalei aqui no blog um mapa que assinala onde estão os meus leitores, e cada vez desacredito mais dos resultados. No início comemorava: olha, estão me lendo numas ilhas no meio do mar!
Pelo mapa mundi que eu acabo de consultar e comparar com o meu Cluster Maps, tenho leitores nos Açores, nas Ilhas Canárias e em Cabo Verde. Também me lêem em três diferentes parte do Japão, em Macau, Angola, na Venezuela, na Guiana, na fronteira do Uruguay com a Argentina, em várias partes dos Estados Unidos, na Itália, Turquia, Noruega, Dinamarca, e em outros países da Europa que eu não consigo reconhecer no mapa-mundi porque os pontinhos vermelhos do Cluster Maps encobrem as fronteiras. E tem mais! Tenho leitores em Iceland! Sou lida na Terra do Gelo, ilha que eu nem sabia que existia, ó ignorância geográfica!
Enfim, fico feliz, lisonjeada, orgulhosíssima, mas diante da improbabilidade desse fato deixo o apelo: se alguém aqui souber como funciona esse Cluster Maps, me dê notícias. E se alguém aí estiver me lendo de lugares incríveis como esses, ah, deixa um recadinho, vai...
31.8.07
Elke
23.8.07
3.8.07
ainda a morte, agora em verso
O jeito doce
Broncas entre risos num elevador
da cidade de São Paulo
Claras em neve no banquinho da cozinha
Novela das oito no ar-condicionado
Caxambu e a fonte da beleza
Ser “princeza” com “z” na sua letra rebuscada
Me achar a sobrinha preferida
Gargalhadas com Chico Anísio
Cócegas até doer
Brigas no vôlei e os olhos de piscina
Camisetas velhas e tênis cinza anos 80
O preconceito e a descoberta
Pão de queijo ruim e belas conversas
Admiração e sonhos na minha geração
Ser chamada de Aretuza ao passar na porta
Contar os passos entre nossas casas
Velhas marchinhas de carnaval:
“Ó mulher vampira!
Ó mulher fatal!
Por causa de você levei um tiro!
Passei um mês e meio no hospital!
Ai, ai, ai...”
Meus mortos e suas memórias
Rasgos de dor na minha históriaPorradas doces com as quais caminho.
29.7.07
confesso e indico
Mas hoje entrei no blog da Clarah e não deu pra continuar disfarçando. Porque a carta aberta dela sobre o seu porteiro (O Zelador - partes 1 e 2) que está lá descreve exatamente o que eu vivo aqui! E como ela já fez isso brilhantemente, com toda a sua ironia e potência, encaminho pra lá quem vem aqui me ler, porque os detalhes são diferentes, mas a sensação é a mesma.
E pronto, eu indico: Clarah Averbuck. adioslounge. Boa leitura na sua telinha.
23.7.07
incompreensões 2
E isso agora é programa de domingo pra criança, gente?!
21.7.07
incompreensões
Não tive que lidar com muitas dessas dores ainda, e agradeço o privilégio. Já fui a muitos enterros e chorei e consolei e fui consolada, mas morte daquelas de doer por muito tempo e assombrar muito tempo depois por enquanto só foram três ou quatro. E quando a saudade dessa gente bate com força viro criança com uma lógica sem nenhuma conexão com a realidade e penso, poxa, a vovó já foi há tanto tempo, já estava na hora dela voltar um pouquinho!
Me parece um egoísmo, sabe, que agora ela só possa existir na minha lembrança e na de quem ama ela. Eu posso lembrar dos dias com ela e andar pela casa dela que nem existe mais vendo cada móvel, cada objeto, sentindo o cheiro dos cômodos, subir no banquinho da cozinha pra bater clara em neve e sentir a textura do carpete marrom escuro da sala no pé descalço. Tudo isso eu posso, e aproveito.
Mas ela não pode vir conhecer a minha casa, uma casa tão cheia de influências dela apesar da imensa diferença das nossas vidas, eu dividindo o teto com um homem amado sem padre nem papel, coisa inconcebível pras netas dos outros mas eu era a sua "princeza" e o amor quebra as barreiras das idéias pré-concebidas. Eu olho pra minha cozinha com seus mil potinhos separando os ingredientes e sei que esse amor pela organização que pra mim quase que só existe nessa parte da casa nasceu lá, na cozinha dela.
E sigo não entendendo, ou não concordando, com isso que se chama morte e que não tem a menor generosidade com quem fica...
12.7.07
11.7.07
quarta-feira sem cinzas
Era hoje. Antes era no começo de junho. Depois no fim. Aí passou pra hoje. Quer dizer, nessa época hoje não era assim, hoje, era "dia 11 de julho". Faltava um bom tempo pra esse dia, mas eu fui adiando a ansiedade.
Até que chegou ontem, o dia 10. Aí a ansiedade cansou de ficar quieta e começou a falar no meu ouvido. Falou tanto que quando deu meia-noite, bem no primeiro minuto do dia 11 lá fui eu pro site da Petrobras ver o resultado. Mas ainda não. Era dia 11 às 11h da manhã. Faltavam 11 horas.
Eu espero. Tudo bem.
Acordei às 9h e dei uma incerta por lá. Quem sabe eles não se adiantaram? Mas eles não se adiantaram. Inventei coisas pra calar a voz da ansiedade, e por fim resolvi sair de casa pra ir trabalhar. Adivinha a que horas?
10h54. Boa idéia, Maria. Genial.
Corri feito louca pra chegar o mais rápido possível a um computador. Desliguei o celular pra não receber a notícia - boa ou ruim - de mais ninguém. Queria ver eu mesma a notícia na tela. E vi.
Eu não fui selecionada. O Bendita Palavra, meu livro novo, não foi um dos escolhidos no edital de produção e difusão de literatura da Petrobras. Foi chato. A grana e a infra deles iam encurtar um caminho compridíssimo, mas eu não dependo disso pra transformar o que escrevo em uma pilha de papéis encadernados que cabe certinha na mão de quem lê.
Isso é aqui comigo. E a festa continua.
27.6.07
poema dos 28, já na metade deles
Depois é voz doce curando a dor de cabeça,
Telefonema bendito no meio da madrugada.
O amor quando insiste deixa a gente encharcada,
Molha por fora e por dentro,
Inunda, interrompe a estrada
Pra depois seguir melhor.
Fiz 28 anos e tenho chorado muito, antes e depois.
A idade me acolhe, não me assusta:
Sou eu quem escolhe o que fazer do dias,
E a marca que quero que eles deixem no meu rosto.
Quem acorda comigo sabe:
Durmo sorrindo até de manhã
E adoro a luz amarela que não entra pela janela
(mas tenta)
quando o sol está lá fora.
O amor anda em mim sob a pele
Feito bicho geográfico,
Hora no sexo
Hora no pé
E meu corpo é todo um mapa dos caminhos que ele faz
E eu nunca
Nunca reclamo.
26.6.07
quase cinco anos disso
A cama pequena você se encaixa
No frio de fora você me agasalha
E no calor dos corpos você se incandesce.
Duro no pau
Doce no olhar
Puro nos sonhos e calculista nos planos
Menino no meu abraço
Homem imenso no toca-fitas do carro
Vagabundo pela cidade
E na intimidade meu amor
E na intimidade meu
E na intimidade, eu.
17.6.07
comichão
Já tem dois anos que a gente parou de produzir o Te vejo na Laura, e foi um tempo bom de construir mil outras coisas e consolidar outras, mas confesso que hoje sinto falta dessa emoção boa de me expor com uma luz na cara e um microfone na mão, de sentir a reação das pessoas à minha poesia, dessas coisas de palco.
Se a vida for como eu gosto que seja, isso pode ser o começo de uma mudança, e essa saudade pode virar atitude. Tomara!
27.5.07
poemas, poemas e mais poemas
Então pra me redimir, lancei mão de um truque: tive a pachorra de rever todos os posts desses três anos de mariadapoesia, um por um, e separei todos os que têm poemas dentro. E olha, são muitos! Oba!
Aqui vai então, pra quem sente falta da minha produção poética, o mapa da mina dessa poeta sumida, meu "best of digital"...
- uma mulher
- criança de rua
- uma grande mulher
- pro inferno
- morrer
- poema infantil
- pau mole
- temor
- harmonia
- soft dick (pau mole em inglês!)
- filho
- medo
- escrevo
- uma mulher: traduções
- risco
- tatuagem
- dentro de mim
- casamento
- defeito
28.4.07
sonho nublado
Não me entendam mal, isso não é de modo algum uma reclamação. Pela primeira vez na minha vida profissional, tenho quatro trabalhos de montagem ao mesmo tempo. Nunca tive quatro trabalhos juntos. Acho que em 2006 inteiro eu tive quatro trabalhos. Talvez cinco. Subitamente, em março/abril/maio de 2007, quatro trabalhos.
Não, eles não vieram assim, todos de uma vez. Primeiro apareceu um, que era pra ser curtinho mas ficou longo, e eu fiquei feliz: experiência e dinheiro, oba! De repente, outro convite, esse vindo de uma amiga e com o desafio de aprender novas tecnologias. Maravilha: mais experiência, mais dinheiro, e muito prazer no percurso! Perfeito! Subitamente um atrasadinho furou a fila: era pra já estar pronto há tempos, mas chegou bem nessa hora. Ok, matei no peito e bola pra frente. Aí veio o quarto, esse querido, inegável, inadiável... Caí dentro!
E eu que temi pela incerteza de trabalho em 2007 agora estou assim, feliz e louca, sonhando acordada com dias nublados como esses aí de cima, em que nem o prazer oprime...
14.4.07
10.000
São quase 3 anos (estreei o blog em maio de 2004), e cada vez gosto mais de ter esse espaço pra deixar minhas impressões sobre o que vejo e vivo e encontrar virtualmente gente que a correria da vida às vezes não deixa encontrar ao vivo.
Que bom que vocês também gostam de passar por aqui, e pra comemorar essa marca histórica deixo um pedido: quem ler esse post pode deixar um recadinho? É que o números de visitantes é sempre muito maior do que o número de comentários, e eu morro de curiosidade de saber quem são os anônimos que me lêem... E aproveito pra dizer que quando eu não respondo aos comentários não é por falta de vontade não: esse meu provedor de comentários pede pra vocês deixarem o email mas não me mostra, então fico sem ter como entrar em contato. Então fica a dica: deixem o email no corpo da mensagem, que eu juro que respondo!
Topam?
Aí embaixo o documento oficial que comprova os 10.000!
3.4.07
na TV
Foi no fim do ano passado, eu estava cheia de trabalho e quase tive que desmarcar, mas quando cheguei lá percebi que a correria tinha compensado: os convidados éramos eu, a compositora Lucina e o Caetano Veloso. Eu tinha ido no show dele um pouco antes, estava mais admiradora do que nunca, e confesso que achei muito chique ser convidada da mesma edição que ele.
Bom, como eu só soube com atraso e perdemos a estréia do programa, aí vão os horários de reprise essa semana. O Futura é o canal 32 da Net.
4a feira, 04/04, 23h30
sábado, 07/07, 20h30
domingo, 08/04, 17h30