21.8.04

Caderno Ela!


Finalmente saiu nossa matéria no Caderno Ela do Globo!!


E L A
Rio, 21 de agosto de 2004
Versão impressa

A nova juventude dourada
Carolina Isabel Novaes

Maria Rezende e Rodrigo Bittencourt são a cara da juventude dourada que sacode a cena cultural carioca. A poetisa e o músico namoram há dois anos e há um produzem o “Te vejo” na Laura, evento que reúne música, poesia, cinema e um monte de gente cabeça toda última segunda-feira do mês, na Casa de Cultura Laura Alvim.

Os versos criadas por ela em “Pau mole” os uniu. Rodrigo tinha ido assistir a um recital de um amigo e, em vez disso, encontrou uma bela no palco. Ela falava da falta de ereção, como adorava o membro desfalecido pelo “que ele encerra de possibilidade”. E ele gamou. No dia seguinte deixou um recado na secretária eletrônica do celular da moça: “Porque te ouvir assim, dando vida ao repouso, salvando o macho (...)”. Era uma resposta aos versos ouvidos na noite anterior. — Ficamos uma semana em um duelo de poemas, ele me mandava um, eu respondia, e vice-versa. Nunca houve uma produção tão intensa de poemas! — brinca Maria. Cinco dias depois estavam namorando. E desde então, continuam em alta rotação. No ano passado lançaram seus respectivos trabalhos — o livro de poesias “Substantivo feminino” e o disco “Canção para ninar adulto”.

Maria, 25 anos, participou de projetos como o “Panorama”, com o músico Rodrigo Sha, e o “Freezone”, com o poeta Chacal. Apresentou-se no CEP 20.000, no bar Bukowsky, na Casa da Matriz. Rodrigo, 27, cantou nas bandas Oficina e Neura. Formou-se em teatro e estuda cinema.

Filha do cineasta Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão, há três anos escreve poesias, e declamadora há mais tantos, mas “Substantivo feminino” é a sua primeira publicação. E, apesar de admitir que “Pau mole” é o seu grande hit, não classifica sua obra como erótica. — Não concordo. É um livro de poemas.

O livro, com prefácio de Elisa Lucinda, traz versos ousados, aborda o sexo de maneira clara (“meu pai fica constrangido”, confessa), mas não é só isso. O poeta Manoel de Barros ganhou um exemplar e disse à autora: “Li o livro. Você é poeta.” Ela é a Maria da Poesia, vaidosa, romântica, caseira. No “Te vejo”, se mostra à vontade no palco, por onde já passaram Camila Pitanga, Affonso Romano de Sant’Anna, Antônio Calloni, Caetano Veloso, entre outros. Na última edição, o ator Lázaro Ramos cantou uma música inédita do filme “Madame Satã”.

As influências de Rodrigo, que é muito vaidoso e jamais sai de casa com a roupa amarrotada, vão de Chico Buarque a Axl Rose. Antônio Cícero foi um dos que elogiaram seu disco, especialmente a música “Cinema americano”.

Entre um recital e uma produção de filmes (é, Maria acumula mais essa função), eles ainda encontram tempo para juras de amor eterno. — Você briga à tarde por falta de dinheiro e à noite vai ao cinema com a mesma pessoa com quem discutiu. É duro, mas sou privilegiada por ter alguém que me entende — define Maria. O amor é lindo.

LEIA MAIS
Poesia 'Pau mole', de Maria Rezende

13.8.04


Porque eu não tenho nada a dizer nem nenhum poema pedindo pra ser postado, e porque adorei essa foto e queria ser sempre assim, derretida e iluminada, e porque senão vão dizer que já tem muito tempo que eu não escrevo e como é que eu posso querer ter público assim, nesse marasmo, e porque deu vontade.

2.8.04

hit

Esse é um dos meus poemas mais antigos, e graças a ele ganhei leitores, fãs e um namorado que eu espero que fique por aqui por muitos e muitos poemas. Ele mora em roupa de papel no meu livro, substantivo feminino, que você pode comprar clicando aqui (que eu sou independente e por isso cara de pau pra vendas!). Por tudo isso era um absurdo ele ainda não ter entrado aqui no blog, então agora, não em primeira mão mas espero que igualmente estrondoso, meu poema-hit:

Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e a-d-o-r-o pau mole.

Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.

Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.

Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.

Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.

É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.