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OVAR, CASA DO POVO20 de maio, sábado
“Leva biquíni”, diz a produtora quando estamos quase saindo de casa em Lisboa, atrasados pra pegar o trem. Eu ri e bati a porta. Três horas de trem depois e a surpresa: Ovar tem mar. Não era brincadeira. Uma cidade mini, uma cidade marítima, uma cidade de azulejos e brasileiros - como eram chamados os muitos portugueses que foram fazer a vida no Brasil quando voltavam pra lá. Dormimos muito tortos no trem menos moderno, chegamos exaustos e famintos. Gil nos busca na estação de comboios, nos leva pra comer e planejamos: depois do almoço, ir ver o mar. Depois do almoço: cama. De todo modo o mar é gélido, diz o dono do hotel. Ufa, penso, nem vai fazer falta o biquíni. Às 17h chegamos na Casa do Povo, um prédio restaurado onde funciona a AV FM, a rádio que está promovendo a noite. Reencontro o Sandy, um abraço de amigos quatro anos depois da única vez em que nos vimos. É a convite dele que venho. Do nosso único encontro em Famalicão em 2013, quando pela primeira vez disse poemas na minha língua em outro continente, e no final um escocês de português meio troncho me abordou tímido pra dizer “tu és uma força da natureza”. Às vezes as redes são mesmo redes, enlaçam, juntam.
O teatro é um brinco, uma caixinha de música, o primeiro palco italiano da história do “Carne do Umbigo”. É também nossa primeira montagem serena, sem percalços, sem problemas. O Sandy sim tem percalço: seu violão de repente para de conversar com a mesa de som. Não é possível, penso. Minha placa de som morreu, o laptop do Kuzka morreu, agora a parte elétrica do violão do Sandy. Serei eu? Tô dando choque? Sei que tô energética. Tô fio desencapado de emoção. Sandy nem se abala: é só microfonar o violão. Vamos ensaiar nossos momentos juntos que é o que importa. Poemas em duas músicas, ouço eles tocarem de livros na mão, buscando palavras que conversem com as canções. Vamos jantar, nossa equipe, a banda dele, volto antes pra ficar um pouco em silêncio. No palco minha projeção é atravessada pelos instrumentos, meus metros e metros de tecido envolvem pedestais e retornos, a noite é nossa, tudo se abraça.
Me visto no banheiro mais lindo do mundo, um mar de azulejos azuizinhos. Tô pronta, Saulo aparece como combinado, abraço ele com jeito de último dia mas ele tá assustado, a luz caiu, não é pra eu ir ainda. Lá vem coisa, penso. É com emoção, tem jeito não. Liv me chama: a projeção sumiu. Calma, de figurino, casaco, meias e sapatos, desço as escadas e penso que sei exatamente o que fazer. Aperto aquela meia dúzia de comandos no Final Cut e pronto: já está. Suspiros de alívio gerais. Em cinco minutos tô no palco. Casa cheia. As janelas abertas me revelam a quietude de um sábado à noite numa pequena cidade portuguesa. Na platéia muitos jovens, o oposto do Porto onde a maior parte do público era bem mais velho do que eu. Eles aplaudem calorosamente desde o primeiro poema, coisa ainda inédita por aqui. A cada noite os aplausos começam mais cedo, como se todas as platéias fossem a mesma e fossem ficando mais quentes na medida em que passam os dias. Ou talvez seja eu mais quente, cada dia mais nua, mais sem pele. Chamo meu último vídeo e subo pra trocar de roupa, lá de cima ouço os aplausos explodindo e silenciando na medida em que a voz do Sandy em vídeo invade o espaço. Hoje não tem créditos finais, não tem volta pra cena, hoje não tem fim.
Quando volto, já sem figurino, Sandy tá no palco com Edgard e Pedro, e soam os acordes da primeira canção. Como é linda a música dele! Que imensidão! Já na segunda música ele me chama, sento no chão e leio os versos de um poema na parte instrumental de “Song of the shadow”. Só depois me dou conta de que é “Quarto crescente” o mesmo poema que gravei em espanhol em Barcelona ano passado e que vou fazer ao vivo depois de amanhã com Pau no show lá. Volto pra platéia e mergulho na música linda dele. “Sunday mornings” é uma canção sobre as manhãs de domingo em família, ele conta antes de cantar, e antes do meio da música já tô banhada em lágrimas boas. É muita beleza no mundo. Meu coração é uma plantação de alfazema. Lilás. Perfumado. No bis eu volto pra mais um poema e nem sei como falar em público mais. “No escuro dos olhos fechados me equilibrar no desejo”. O poema me salva. Fecho os olhos e sinto a música e danço com a língua.
A noite acaba. Acabou a turnê portuguesa. Nada acabou. Coisas assim não têm fim. Eu estiquei sem rasgar, que nem peito adolescente com estrias roxinhas de crescer num salto, num susto. Vamos dormir quase cinco e às nove e meia tô de olho aberto, correnteza de sensações. Tomo café, faz sol, decidimos ir pelo menos ver o mar e molhar os pés na água gélida. Liv, Saulo, Sandy, Edgard, pés na areia, corto o dedo numa pedra, enfio os pés na água e ela é deliciosa, fria e amorosa como o mar de Ipanema no verão. Topless pode mas minha calcinha é transparente, e o vestido novo de 15 euros, comprado pra ser camisola e que já virou roupa de falar na tv é agora maiô. “Ó mar salgado, quanto do seu sal são lágrimas de Portugal?”. Mergulho. Nos olhos o sal de dentro e o sal de fora. “Quando entrar na água sempre agradeça”, diz a mãe. Obrigada, obrigada, obrigada. Segunda onda. Terceira. Mergulho, agradeço, choro muito e rio demais. Do lado de fora do mar Liv me espera com um abraço. “Olha só onde nós estamos!”. Olha só, parceirinha. Que coisa mais linda nosso encontro, duas entusiasmadas, realistas esperançosas, místicas, com o dom da alegria e as mãos cheias de sim. Turnê das mina. É nóis demais. Maquiagem no taxi, massagem na coxia, abacate de manhã, pastéis de nata, fotos e vídeos a qualquer hora. O trem sai em uma hora, não tenho shampoo nem pente, lembro do trecho do poema inédito que diz
“Cabelos não sentem
não suam
não têm função
servem só pra fazer falta quando faltam
servem só pra enfeitar e carregar
Levam o mar em nós de sal
a água doce antes de evaporar
o suor do desejo consumado
e cada cheiro do caminhos
Cabelo vivo
guardião de beijos
ninho sem pássaros
perfume em que os dedos podem se enroscar”
Três e dez da tarde de domingo, 21 de maio de 2017. Carrego os últimos quatro dias nos cabelos e dentro do peito e na carne que pulsa sob a pele. Sou eu mesma e muito outra. Sou eu mesma atravessada de força e beleza. Nunca fui tão eu mesma antes. Arriscar: não existe nada melhor. Sou eu mesma, maior.
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BARCELONA, CLUB CRONOPIOS
23 de maio, 3a feira
Barcelona. Última apresentação da turnê. Acordamos às cinco da manhã em Lisboa pra pegar o voo às 9h. Eu tinha ido dormir às 2h e sabia que precisava de mais sono mas meu plano era finalmente fazer o que achei que teria feito em todos os trens: estudar os poemas em espanhol. Só que agora já era a véspera do espetáculo. Ainda daria tempo de aprender? Por que eu sou essa louca que se joga de abismos tão imensos, meu deus? Por que eu sou hippie e fui ao mar agradecer ao invés de praticar?
O voo decola, Liv dorme, eu pego o celular com as mil mensagens da Paula corrigindo e comentando cada poema, falando com seu espanhol bonito que eu vou tentar copiar. Franco traduziu todos os poemas há mais de um mês, Miguel aceitou ser meu professor de espanhol à distância e me corrigiu e respondeu todas as dúvidas esquisitas que minha poesia gera: buceta em español, melhor dizer concha ou coño? Pau mole, como fala? Gozo tem que ser disfrute? Ah existe a palavra gozo mesmo? Boa. Ando há semanas com esse papel na bolsa, mas estudar que é bom só ali, no avião, faltando menos de 48h pra estrear bilíngue pela primeira vez.
Chegamos e Maria Elisa nos espera com aquele jeito das melhores mães. Nos leva pra almoçar, pede vinho, eu queria estudar, digo, mas comemos e bebemos e falamos das melhores coisas. Saulo chega, se junta a nós. Eu digo poemas em espanhol, ela se emociona, elogia. Sereno um cadin. A embaixadora, atual Cônsul do Brasil em Barcelona, a mãe da Aninha, querida minha, aprovou meu sotaque. Vou ao consulado conhecer Edgard, o homem que achou boa minha insana ideia de espetáculo bilíngue e disse “venha e vamos fazer acontecer”. Nos reunimos na Sala João Cabral de Melo Neto e sorrio pra esse acontecimento. Saio de lá já atrasada pra visita técnica no Club Cronopios, onde está Luciana, da Meta Brasil, a outra instituição que organizou com a gente essa vinda. O clube é lindo, um clube literário que não cobra ingresso mas exige associação, testamos projeção, som, tudo impecável, ajusto as fotos e deixo tudo pronto pra amanhã, saio correndo atrasada pra ensaiar com Pau.
Pau é meu amigo baterista, músico incrível e no estúdio de quem eu gravei poemas em espanhol ano passado. Nesse dia, quando fui gravar lá, falei pra ele que tinha pensado em juntar um poema meu que fala sobre mulheres com uma canção que me salvou a vida numa madrugada uns meses antes, uma canção xamânica, curadora, de uma mulher chamada Amparo Sanchez. Amparanoia? ele me perguntou. Não, eu disse: Amparo Sanchez. Mas ela mora aqui, disse ele. Paralisei. Não era possível. Era meu penúltimo dia, entrei no Facebook, escrevi o nome dela, e não só ela morava na cidade como tinha tocado na véspera. Morri. Voltei a mim e fiz o que faço numa hora dessas: escrevi pra ela contando tudo isso. Da sua canção que me salvou, da gravação que estávamos fazendo, da minha admiração, do meu desejo de mandar pra ela meu livro. Ela responde, carinhosa, gentil, eu quase morro de alegria. Nos falamos algumas vezes depois disso, e eu mal posso crer que troco mensagens com essa mulher tão poderosa e importante pra mim. Pau então, sem planejar nem nada, me deu Amparo de presente, e serei eternamente grata por isso. Quando marquei o espetáculo aqui logo convidei ele pra fazermos dois poemas com seu lindo hang. Chego pra ensaiar exausta, bocejante, sem conseguir concatenar bem os idiomas, e logo tô animada, sorridente, feliz com nossas ideias e como elas se concretizam no ensaio.
Ele me chama pra ir ao WTF Jam Sessions no Jamboree, onde nos conhecemos, motivo de eu ter trocado minha passagem da última vez, só pra poder dizer poemas naquele palco. Tô cansada demais, só quero comer algo rápido e ir pra cama, e penso: aproveito a carona e apareço de surpresa no Viana, dou um beijo em Miguel e Arek, como aquele tartare de atum genial e vou dormir. No caminho Miguel escreve, vai jantar com amigos, eu não quero me juntar a eles? Invado uma mesa galega, todos riem muito, falam coisas bonitas que eu não entendo bem, Miguel vai pedindo delícias, é uma degustação, é um spa de alegria, eles bebem vinho, eu bebo água, comemos como loucos, as gargalhadas aumentam, a sobremesa chama “às vezes melhor que sexo” e eu penso que bom é não lembrar da última vez que o sexo foi pior que chocolate. Volto pra casa leve, bem mais tarde do que tinha planejado mas muito mais descansada do que estaria se estivesse deitada vendo celular e tentando ensaiar com a cabeça derretida.
Acordo terça 11h30. Tô serena, tô segura. Só preciso ajustar o roteiro e mandar pra Liv e Saulo imprimirem. Marcamos ensaio de 13h às 14h30, daí eu descanso até às 17h quando temos que estar lá, penso. Só que não, claro que não. Eram muitas mudanças no roteiro de Portugal. E no projeto do Final Cut. Trocar todas as deixas em espanhol. Botar os vídeos legendados. Abrir espaço pra participação especial do Pau. Ver email pra checar se Amparo confirmou mesmo que vai.
Amparo vai? Amparo vai. Amparo vai! Porque é claro que assim que eu fechei o espetáculo em Barcelona, além de convidar o Pau, eu convidei a Amparo. Porque seria das maiores honras e alegrias da minha vida inteirinha ter essa mulher no palco comigo, e eu não tenho medo de não. Convidei ela no início de abril. Amparo nunca me viu na vida, não é minha amiga, mas diz que pode ser que esteja na cidade e adoraria ir me assistir. Então, eu continuo, não quero você na platéia não, quero você tocando “Alma de cantaora” enquanto eu falo “Pulso aberto”. Ah, ela diz, pode ser que sim, vamos ver mais perto minha agenda? Vamos. Vamos sim. Meu coração palpita a cada mensagem que ela responde. Tão fácil seria ela me despachar, ilustre desconhecida que sou. O tempo vai passando e ela vai dizendo cada vez mais que sim, mas me pede pra não incluir seu nome na arte, e ficamos assim, com Amparo leve e meu coração fazendo figa. É terça-feira, dia 23, 14h, e chega o email: “Hola Maria, tengo apuntado en mi agenda tu espectáculo hoy, a que hora va a ser?”. Eu dou um grito sozinha na casa vazia. Choro de soluçar. Amparo vai. Que fodona e maravilhosa é a vida!
Depois disso é tudo um flash. Ensaiar. Lavar os cabelos. Botar o vestido mais bonito. Chegar no clube e esperar que cheguem as pessoas que vão abrir com faca afiada de amor o meu sorriso. Miguel chega, ele conseguiu mesmo não ir pro restaurante, que alegria! Pau chega com sua bici. Amparo chega. Abraço ela, toda fã, menina de seis anos sem saber onde botar as mãos. Entramos na sala de espetáculo, um hang, um violão azul, um coração saindo pela boca. Ela começa a cantar como se fosse normal: “Soy el poder dentro de mi”. Eu nem sei como existir ao vivo nesse momento. Volto à madrugada insone em que eu não sabia mais quem eu era e essa canção me deu a mão até a chegada da manhã. Pau começa a tocar junto e é lindo Inventamos juntos como fazer, sugiro falar o poema no início, não quero incomodar, não quero dar trabalho, ela diz não, fala no meio, eu abro um espaço pra você. Parece impossível mas tá acontecendo. O nervosismo da tarde sumiu e tenho agora a alegria de quem batalhou pelo sonho e tá vendo ele virar carne.
Vou me vestir e maquiar, não podemos atrasar. Fico pronta e nada. Liv vem: espera que tá chegando gente. Ela volta: espera que tem muita gente, espera que lotou e estamos tentando acomodar. Mas o cara não disse que cabiam 70 pessoas?! Pois disse. E já só tem lugar no sofá de ladinho. Me fecho no camarim de um metro quadrado e repasso na cabeça a ordem do roteiro toda diferente, que poema em português encadeia com qual em espanhol, é “retrasado” e não”atrasado”, célula madre e não tronco, e aquele verso “se retuerce o rostro, se contorce el gesto, me laten los pies, se descontrola el ojo izquierdo” travalínguas tá na ponta da língua já.
Luciana fala em nome do Consulado e da Meta Brasil, me chama, eu vou. Não tem uma cadeira vazia. Liv dá play no vídeo: eu sou aquela que tem calma. Entro em cena em português, passo direto pra Carne del ombligo en español: eclipses en escorpión, cambio, revolución. O poema acaba e os aplausos são calorosos. Eu rio, já suada de nervoso e calor humano. Todas as falas entre poemas serão em espanhol - ou no meu portuñol selvage, explico. Digo que não sou fluente mas arte é risco e vim correr o maior da minha vida, e se é pra ser assim vou logo então ler um poema curto em português, espanhol e catalão (obrigada Pau pela tradução & aula). Eu tô na corda bamba e tem cento e quarenta mãos pra me acolher caso eu caia. Mas eu não caio. É minha noite de equilibrista bailarina, cada língua é uma torre do World Trade Center e eu ando leve entre elas.
Chega a hora da Amparo. Conto a história. Chamo ela. Nos abraçamos em cena, no meu palco, sobre meus muitos metros de tule cor de pele, eu de figurino, com o coração na buceta e um pulmão nos joelhos, nos abraçamos e Pau vem com a gente e a noite mais épica da minha vida acontece de verdade, naquela hora. Amparo começa a cantar e eu fecho os olhos e ponho a mão no peito e na barriga e choro sem nem medo de borrar a maquiagem. Na hora do poema cadê espanhol? Falo minha língua, e ela reage aos versos e toca baixinho e retoma o refrão quando eu termino.
Parece que nada mais pode existir depois disso mas existe muita coisa bela. Tem mais poesia, tem a canja linda do Pau fazendo nossa gravação pela primeira vez ao vivo, “Quarto crescente” em espanhol com hang, e a novidade de “Transparência” comigo cantando “Sanar”, do Drexler, como eu sempre sonhei fazer e nunca tive coragem, mas do que ter medo em uma noite como essa? E aí tem aplausos de pé, tem eu chamando Liv no palco e chorando ao agradecer a ela toda a parceria que fez essa loucura ser possível e tão incrível, tem Miguel tímido com meu agradecimento por toda sua ajuda com meu espanhol, tem todos os livros vendidos e lista de espera de quem ficou sem (mas como se trouxemos cem livros do Brasil?! assim mesmo: esgotaram todos!), tem Maria Elisa emocionadíssima e eu feliz de não ter dado vexame e constrangido o Consulado, tem Kika e Mickey que conseguiram chegar antes de acabar, tem Luciana feliz e nós gratos ao seu marido que foi tirar fotos, tem Sabrina que veio e trouxe amigos e nos ofertou um fotógrafo pra gravar na íntegra (gracias, mujer!!), tem uma trupe de dezesseis pessoas andando pelas ruas de Barcelona até sentar na Rambla do Raval numa mesona ao ar livre e tomar sangria e comer massa e se beliscar pra crer na imensidão de beleza que acaba de acontecer.
Acabou nossa turnê. Cinco noites. Quatro cidades. Dois aviões. Quatro trens. Um sonho meio louco. Duas mulheres entusiasmadas achando a loucura uma ótima parte da vida e focando no sim e se dando força na hora das merdas e rindo na madrugada. Acabou. Mágica. Imensa. Inacreditavelmente bela. E pra toda a eternidade eu vou me lembrar da noite em que cantei junto com Amparo e toda a platéia a canção que me deu a mão. A todos vocês que me dão tanto a mão também, agradeço lá do palco, com uma mão na barriga e outra no coração.