30.1.13

Admirada #15: dizendo Bukowski






Ele é o meu poeta americano. The one and only.
Eu assumo que em matéria de poesia sou uma apaixonada convicta pela língua portuguesa, e embora leia romances em inglês no original todas as tentativas de ler poesia foram em vão. Até ele chegar, claro.
O velho beberrão, o farrista, amante das putas, o desbocado, que só fala em mulher e bebida e brigas de bar, esse é o Bukowski dos romances e contos.
É na poesia, como já seria mesmo de se esperar, que ele entrega seu lirismo e sua doçura. Nunca de mão beijada, que ele não é desses. Sim, lá também tem putas e brigas e porres, mas só lá tem amor, fragilidade, entrega, arrependimentos, suavidade.
Tudo escrito tão lindamente que eu me rendo e me ofereço toda pras suas palavras.
Esse poema é pra mim a pérola das pérolas, a batalha interna entre o velho durão e o homem sensível, e já mora tão dentro do meu coração que eu fui lendo no inglês mesmo e dizendo em português na hora, e hesitei e troquei palavras e quando acabei estava um silêncio tão fundo que o poema veio de novo, e não faz sentido escolher a melhor versão, não tem melhor versão, é tudo um só derramar de coração e oferenda de mim mesma pra essa beleza dura dele.

(Charles Bukowski, "Blue Bird", no original aqui:
http://www.poemhunter.com/poem/bluebird/)

27.1.13

O que está acontecendo, Maria?

Está acontecendo que eu resolvi aproveitar que Saturno entrou em Escorpião e que rolaram duas eclipses também nesse que é meu signo e que vão rolar mais uns dois pares deles ao longo desse ano, e que isso tudo quer dizer mudança e comprometimento e responsabilidade, e ir ainda mais fundo na coisa toda fazendo meu mapa astral e ainda dando um mergulho no pensamento criativo em três dias de palestras interessantes e exaustivas, e nas horas vagas fui ver e ouvir a intensidade inebriante de Tulipa e Gal na nave maravilha que é o Circo, e aí está acontecendo que eu estou pensando em coisas como poesiaamorcriaçãomedoaçãoriscoentregamudançafluxocontroleemoçãoarrependimentodesejopotênci
aplanetasurgênciaequilíbriotempo e bom, está acontecendo que é coisa pra caramba e me deu até dor de barriga, e está acontecendo que eu aceito o desconforto - mas vamos lá Júpiter e fortuna e sorte, venham dar uma mãozinha pra essa moça também. E bom, por hora é só isso que está acontecendo.




(abrindo o coração pro Facebook, que pelas perguntas que me faz tem andado preocupado comigo)

21.1.13

Ornitorrinco estreando em 2013

ORNITORRINCO
[#044] 20 de janeiro de 2013
Tiragem: 450 assinaturas
 
ALGUÉM MUDA NINGUÉM

 
OLHA-LÁ
> por Maria Rezende

Meu nome é Maria, eu tenho 34 anos e essa semana dei uma volta de bicicleta na Lagoa pela primeira vez. Meu nome é Maria e eu tirei a etiqueta que dizia "não" na gaveta que diz "bicicleta" na minha vida. Meu nome é Maria e eu mudei. Eu me mudei. Eu mudei meu mundo. Eu mudei o mundo. Eu mudei.
 
 
Essa é a edição de "oi 2013" do Ornitorrinco. O Ornitorrinco é o nosso zine, meu, do Pardal, da Letícia, da Keli, do Ramon, do Domingos, do Gabriel, do Franco, do Julio, do Vitor. Ele é um bicho meio esquisito e muito legal, a gente escreve o que quer e domingo sim domingo não ele chega na caixa postal de quem escolhe receber. Hoje foi dia de sim e era pra falar sobre mudar, se mudar, mudar alguém. Alguém muda alguém? O bicho ficou supimposo, mó orgulho de ser parte dessa turma.
 
Quer ler todo mundo? Edições antigas? Assinar? Passear pelas patas e pêlos desse negócio? Vai lá ó: http://ornitorrincozine.tumblr.com/

4.1.13

O sim e o não e o vento na cara


Em 2012 eu ganhei a palavra SIM de presente. Foi um presente muito benvindo porque ela estava me fazendo uma baita falta, e eu sou muito agradecida por ele. No finalzinho do ano eu tive que me lembrar que ganhar a palavra SIM não queria dizer que eu podia me despedir da palavra NÃO, e assim entrei em 2013 com essas duas palavras nas mãos.

Tô achando que é uma bela bagagem pra começar um ano e seguir a vida, que nem liga pra essa nossa contagem de dias e meses e idades e só quer mesmo saber de acontecimentos e sentimentos e movimentos e sensações. E foi assim que eu tomei no fim do ano que já foi a decisão linda de perder meu medo de bicicleta, porque se eu ando caindo tanto e sou capaz de sacudir a poeira da roupa, passar merthiolate nos cortes e seguir andando e até sorrindo, já tava mais do que na hora de ganhar o prazer do vento na cara.

E foi assim que dia 2 de janeiro eu dei meu primeiro passeio de bike da vida, devagarzinho, lambendo o prazer de cada momento, sorrindo que nem criança na bicicleta nova, sendo criança na bicicleta nova, toda orgulhosa de desejar ser melhor, e conseguir.

Meu desejo de começo de ano então é uma gargalhada dessas pra vocês que passeiam por aqui, e que a gente saiba se reinventar pela vida afora!