26.7.10

Dia da Pessoa

Roubei da Camila porque achei foda, e assino embaixo.
Fui fuçar e descobri que foi feito pelo pessoal da Lápis Raro, uma agência de publicidade da qual eu nunca tinha ouvido falar, mas que eu super contrataria se tivesse alguma coisa pra anunciar e morasse em Belo Horizonte.


19.7.10

De onde nasceu o poema ali embaixo

música :: onda de comunicação de fábio lima, por lucas vasconcellos no show da banda lettuce na casa da gávea)



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Ausência
(Carlos Drummond de Andrade)

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

14.7.10

esta noite escrevo

quando chove e você fica preso entre latarias e luzes derretidas
quando o vermelho é a cor da noite
quando a comida na barriga não curte o espetáculo
e o ponto de gatilho no nordeste das costas te cutuca

de repente uma voz de homem avisa
"eu tive uma onda de comunicacao"
e o amor que não se faz naquela sala naquela hora
brilha muito mesmo assim, na ausência

a ausência não é falta, outro homem me diz
mas as roupas sem mais uso no armário não querem saber de poesia
todo o tempo do mundo em que se amou alguém vai doer um dia
cada palavra, cada segundo

eu prefiro essa dor - longe, longe, muito longe
eu quero essa dor do amor demais
eu quero a inevitável dor do fim - mais, muito mais
que a infinita dor do não

1.7.10

Enquanto não escrevo, leio


Grammar

Maxine, back from a weekend with her boyfriend,
smiles like a big cat and says
that she's a conjugated verb.
She's been doing the direct object
with a second person pronoun named Phil,
and when she walks into the room,
everybody turns:

some kind of light is coming from her head.
Even the geraniums look curious,
and the bees, if they were here, would buzz
suspiciously around her hair, looking
for the door in her corona.
We're all attracted to the perfume
of fermenting joy,

we've all tried to start a fire,
and one day maybe it will blaze up on its own.
In the meantime, she is the one today among us
most able to bear the idea of her own beauty,
and when we see it, we do what is natural:
we take our burned hands
out of our pockets,
and clap.

(do livro "Donkey Gospel", de Tony Hoagland, poeta americano que eu conheci por dica do Mr Luis Bravo, marido da muito querida Mrs Fernanda Rowlands Bravo, na minha recente temporadinha na America de cima. Pirei com o cara, trouxe três livros, e resolvi compartilhar. Aqui embaixo minha mui humilde tradução.)

Gramática

Maxine, na volta de um fim-de-semana com seu namorado,
sorri feito um gato grande e diz
que é um verbo conjugado.
Ela está fazendo o objeto direto
com um pronome da segunda pessoa chamado Phil,
e quando ela entra
todo mundo se vira:

tem uma espécie de luz saindo da sua cabeça.
A os gerânios parecem curiosos,
e as abelhas, se estivessem aqui, zuniriam
de forma suspeita em volta do seu cabelo, procurando
a porta pra sua coroa
Somos todos atraídos pelo perfume
da alegria fermentando,

todos tentamos começar um fogo
e um dia talvez ele queime por si só.
Por hora, ela é hoje aquela de nós
mais capaz de suportar a ideia da sua própria beleza,
e quando a gente a vê, faz o que é natural:
tira nossas mãos queimadas
dos bolsos,
e aplaude.