16.7.06

dona de casa

Eu dei certo com essa coisa de ter a minha casa, diz o Rodrigo. Não falo nada mas fico feliz. Gosto cada vez mais de casa, e de ter a minha e fazer dela um lugar bacana, bonito, cheiroso e cheio de prazeres variados. Cozinhar é o melhor deles. Confesso que esqueço de molhar as plantas, sou capaz de bagunçar a sala de um modo inexplicável, junto 86 peças de roupa no quarto-depósito esperando a Paulinha chegar na 4a feira pra arrumar tudo, nunca passei pano no chão nem lavei o banheiro, mas na cozinha sou uma dona-de-casa exemplar! Sempre adorei comer e gosto mais e mais de fazer comida.

Uma das minhas prediletas é panqueca: adoro panqueca, e sim, dá bastante trabalho, mas é tão bom que sempre que tenho tempo me aventuro! E não é tão complicado, olha lá:

1 ovo + 1 gema + 1 xícara e 1/4 de leite + 1 xícara e 1/4 de farinha + 1 pitada de sal + 1 colher de chá de azeite - bate tudo no liquidificador, colocando primeiro os molhados. Um pouco de azeite na frigideira, uma concha de massa de cada vez até ficar dourada, e vai colocando as panquecas num prato. Na minha conta dá pra 10 ou 11 panquecas. Até aí mole, certo?

Depois vai ficar a critério do cozinheiro: se for preguiçoso, panqueca de carne moída com berinjela. Coloca duas berinjelas inteiras, sem nadinha, num tabuleiro no forno pra assar enquanto você faz a carne. Pica cebola e alho, refoga em um pouco de óleo ou azeite, daí mistura a carne moída pra cozinhar, temperos a gosto do freguês. Depois dela ficar marrom, coloca um pouco de tomate (tomate de verdade picado, ou tomate de lata sem muito caldo, ou se for muuuito preguiçoso mesmo pomarola, mas eu desrecomendo!). Quando isso estiver pronto a berinjela também deve estar. Tira do forno, vê se está macia, aí abre ela com um garfo e raspa todo o miolo, e joga fora a casca. Mistura isso na carne moída e pronto, é só enrolar e em meia hora você tem panquecas lindas de carne moída!

Se o cozinheiro for animado como eu, panquecas de frango com cenoura e milho. Daí é o mesmo processo da carne moída, mas com o frango (pode ser qualquer parte, peito pra quem é light, coxa pra quem gosta de sabor) em pedaços meio grandes pra poder desfiar depois. Sim, aí vem a ralação: depois de cozido, esperar amornar e desfiar o frango todo... Aí colocar ele de volta na panela, misturar cenoura ralada e milho (tem um de lata, jurema, que é docinho, uma coisa!) e voilá! Panquecas de frango divinas!

Pra ficar perfeito, em qualquer dos casos, colocar as panquecas numa travessa, um bom molho de tomate por cima, queijo ralado na hora, e forno por 15 minutos só pra gratinar. Eu adoro, fazer e comer. E foram elas que me renderam o elogio lá do começo, então seu poder está comprovado...

9.7.06

Me and you and everyone we know


Semana passada me aconteceu uma coisa rara e digna de nota: um filme me emocionou, me inspirou, me deu inveja e me deixou com sensações novas por dias seguidos. Me and you and everyone we know, título reduzido pra Eu, você e todo mundo no Brasil. Um filme lírico, poético sem ser chato, ousado sem ser vulgar, delicado como poucos filmes, livros, quadros. Daí a emoção, a inspiração e as sensações novas.

A inveja vem do fato de que o filme foi escrito, dirigido e estrelado por essa moça aí de cima, Miranda July, uma americana que passeia por várias formas de arte - faz performances, artes visuais, programas de rádio, escreve, e estréia agora no cinema com esse filme especial. Uma mulher como eu, só que vivendo mais pro Norte. Uma mulher começando a vida, agitando seus projetos, inventando modas, fazendo as suas coisas. Uma bela mulher construindo uma vida de artista sem frescuras, dando corda pras suas idéias. E essa foto dela editando em casa, numa ilha anda mais familiar do que a que eu tenho em casa, só reforça a minha inveja e me dá gás pra me manter firme, apesar dos medos que têm me rondado nesse começo de vida independente.

Miranda July e seu Eu, você e todo mundo - eu recomendo. Corram pro cinema!

2.7.06

pé frio

Eu só posso ser uma tremenda pé-frio, só pode ser. Passo a noite escrevendo sobre como estou apaixonada pela Copa, pela primeira vez interessada em ver todos os jogos, entendendo tudo sobre futebol e coisa e tal, e no dia seguinte o Brasil perde vergonhosamente pra França. De novo. Mas a verdade é não dá nem pra ser supersticioso nesse caso, porque o time jogou tão ridiculamente, uma atuação tão pífia, que nada nem ninguém poderia piorar a situação.

Já sendo eu agora mais uma entre os milhões de brasileiros que sabem exatamente o que deveria ter sido feito pra evitar a tragédia, digo sem sombra de dúvida: a culpa é toda do Parreira. Como bem disse o Renato Maurício Prado ontem no Sportv, ele tinha todas as estrelas na mão mas não as transformou em um time. E se os grandes talentos não davam liga juntos, culpa dele que os escalou. E o pior de tudo: um técnico que deixa pra mexer num time que está perdendo aos 35 do segundo tempo, só pode estar brincando.

Pela primeira vez levei a sério mesmo a teoria do Rodrigo de que Copa é sempre armada, um jogo de poder mais do que uma competição esportiva. Pensem bem: o Parreira desanimado, sentando no banco sem gritar nada, olhando pro relógio como quem pensa "quanto tempo falta pra essa coisa acabar?"; o time apático, como se já soubesse que não ia ganhar, que não podia ganhar; e pra coroar, Roberto Carlos ajeita a meia na hora em que Zidane cobra uma falta perigosa?! Ou é mutreta ou esses caras estão ganhando dinheiro demais pra se preocupar de verdade com o Brasil e com o que o futebol representa pro povo daqui.

Sei lá, tô de discurso amargurado e na verdade nem tô triste assim. Tô mais é espantada com tamanha desfaçatez...