22.12.05

cada um

Tem dias que cada um ser um se revela difícil e dolorido. Detesto a tristeza pra escrever, quase sempre a gente fica meloso. Antigamente gostava, acreditava na teoria romântica de que o sofrimento melhora a escrita. Hoje se sofro mal tenho vontade de escrever, acho sempre que vai virar página de diário sem qualquer interesse literário. Ainda assim venho aqui agora, talvez pra ter o que fazer nessa noite que ia ser uma e virou outra, numa semana estranha e que eu espero que passe logo.

Depois de amanhã é natal e cada vez sinto menos. Vamos lá: jesus nasceu, e eu - que não tenho nada com isso - tenho que comprar comprar comprar presentes pra todo mundo que eu conheço?! Não me convence... Mas (viva a sociedade de consumo), compro, e lá se vai meu rico dinheirinho em mais um dezembro...

14.12.05

tradução livre

Conforme o prometido (vide post abaixo).
Primeira manhã no exílio
(Alexandra Djajic-Horvath)
Na primeira manhã no exílio
tudo aconteceu muito rápido:
Comprar uma passagem
ir pro aeroporto
o avião que estava atrasado
um vôo de três horas.
E depois -
um funcionário da polícia federal
confirma minha identidade
não exatamente com boa vontade e rapidez
(no meu passaporte
cidades destruídas armam esboscadas
e ele simplesmente não pode
a essa hora da manhã
e de barriga vazia)
Seus dedos dormentes e bem alimentados
me caçam através dos circuitos
da invísivel e poderosa rede
mas o meu rosto não aparece -
eu ainda não estou na lista daqueles
que querem explodir o mundo
e depois de uma longa busca
- resignado e cansado
do turno noturno
e da cerveja de ontem à noite -
ele me deixa penetrar
no seu mundo sagrado
de expressos curtos
memória curta
e longos e profundos sonos.

12.12.05

Bosnia Herzegovina

Peço perdão a quem não lê inglês, e prometo em breve uma tradução livre, mas não me contive ao ler o poema abaixo, escrito por essa moça cujo nome eu não me atrevo nem a tentar dizer em voz alta, mas de uma força que atinge mesmo uma desgeográfica como eu que não sabe onde fica a Bosnia Herzegovina. Esse poema veio parar no meu computador por conta do Imaging Ourselves, o projeto do Museu Internacional da Mulher de São Francisco que reúne a arte de mulheres do mundo inteiro. Eu tive um poema selecionado e estou adorando a oportunidade de conhecer o trabalho de tanta gente de tão longe, e de mandar o meu pra cada um desses lugares também. Em março sai um livro com uma coletânea dos trabalhos, mas até lá eu deixo vocês com a Alexandra. Aproveitem.

First Morning in Exile
(Alexandra Djajic-Horvath)

The first morning in exile
It all happened very quickly:
Buying a place ticket
going to the airport
a charter that was late
a three-hour flight.
And then-
A passport officer
Confirms my identity
not exactly with goodwill and speed
(in my passport
Destroyed cities lurk
And he simply cannot
so early in the morning
on an empty stomach…)
His well-fed sleepy fingers
Hunt for me through the circuits
of the invisible powerful net
but my face does not appear-
I am still not on the list of those
who want to blow up the world
and after a long search
-resigned and tired
From the night shift
And last night’s beer-
he lets me slip into
his blessed world
of short espresso
short memory
and long sound sleep.

6.12.05

multi

Sou hoje uma mulher de várias facetas: continuo poeta, virei editora, dona-de-casa e até câmera. Essa foto é um registro da gravação do making of do Zuzu Angel, filme do Sergio Rezende (papai) que estréia no ano que vem. Passei dois meses de câmera e tripé debaixo do braço, andando por Rio e Juiz de Fora nessa nova ocupação. E agora começo a editar 42 fitas de material (exagerada, eu sou mesmo...) em meia hora de filme, pronta pra enlouquecer e pra morrer de prazer. Adoro variar mas a verdade é que estou adorando parar nessa vida, estar no cinema sem estar no cinema, ter o agito do set e a calma da minha ilha de edição em casa. E fazer uma comidinha nos intervalos, que ninguém é de ferro!

2.12.05



Esse pequeno aí em cima, miniatura de integrante de bateria, é o Thales Augusto. Com apenas 4 anos, ele é morador do Santa Marta, filho do mestre de bateria Sidmar Augusto. Criado no meio dos instrumentos, quando tinha dois anos o Thales começou a batucar num banquinho na sala de casa, e com o incentivo dos pais passou logop pro repique, que agora ele já toca que nem adulto. No dia 28 passado ele foi uma das atrações do Santa Cultura, projeto multimídia que a gente faz juntando artistas do Santa Marta e de fora de lá, e olha, foi um privilégio ver esse menino no palco! Além do que, quando o show acaba dá vontade de pegar ele no colo e levar pra casa...