28.2.12

Lá vem o substantivo feminino!


você que me pegou vestida de poema
entorpecida de sexo e felicidade
e se assustou
e fugiu do tamanho do susto
naquele fim de noite de janeiro,
se acalme amigo:

toda palavra é exagero.

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Noite de revisão do substantivo feminino, meu livro de estréia, lançado independente em 2003 e esgotado desde 2008, que terá 2a edição em abril pela Ibis Libris Editora, da querida Thereza Christina Roque da Motta. Muito doida essa coisa de reeditar o primero livro, reler tantos poemas que ficaram perdidos no tempo, e ver os que sobreviveram bem, como esse. A Manoela Sawitzki disse que eu sou doida, que a maioria dos escritores quer esquecer o livro de estréia, então eu devo ser mesmo, porque com todos os defeitos e qualidades dele eu tô doida pra ver o substantivo feminino na rua de novo...

E pra quem é de figurinha em movimento, o poema versão Um por dia enquanto for legal:

27.2.12

Ornitorrinco #24 - Grávida gravidade

Eu tinha que sentar pra escrever. O mote do editor dessa vez era: "Vale a pena ter um filho e apostar no progresso da sabedoria se perpetuando na história? Ou é melhor tirar a roupa e cair no carnaval sem hora, nem dia, nem corpo pra voltar pra casa? O mundo tá dividido entre os que estão acreditando no fim do mundo e os que estão acreditando que o mundo vai melhorar. Como é que é?". Eu ainda não tive um filho, e minha contribuição pra sabedoria se perpetuando na história até o presente momento se dá escrevendo. E vivendo a minha própria vida, claro. Em compensação, como anunciado no Ornitorrinco #23 - Carná, esse ano teve carnaval. Com hora e dia e corpo pra voltar pra casa - 5a feira de cinzas, aqui estou. Mas cabeça pra escrever, aí já é outro papo.

Então eu sentei na tv com um potinho de quinoa com legumes e uma limonada sem açúcar e zapeei até chegar em: "A história do mundo em duas horas". Taí, eu pensei, vamos ver como essa coisa de fim do mundo versus melhorar vem rolando nos últimos 14 bilhões de anos. Já tinha passado meia hora das duas então eu perdi o Big Bang, as moléculas se unindo, os seres aquáticos, cheguei já na hora em que os anfíbios desenvolveram os ovos com casca e assim conseguiram levar o mar junto com eles pra onde fossem, e puderam conquistar a terra. Em mais uns vinte minutos já tinha rolado uma extinção em massa que gerou o surgimento dos dinossauros, e eu descobri que durante 160 milhões de anos foram eles os responsáveis por evitar que nós, os mamíferos, ganhássemos espaço. Bicho que mamava naquele tempo era só bicho pequeno, e foi por isso que quando um asteróide gigante bateu na Terra nós - eles - sobreviveram: quem era grandão morreu, bye bye Tiranossaurus Rex, hello primatas. Em uma hora de filme os macacos já tinham virado homens, já faziam ferramentas rústicas, desenvolviam a fala e as pinturas nas paredes das cavernas.

Daí veio uma parte que eu nunca tinha entendido sobre a era do gelo e a povoação do planeta. Os continentes já tinham se dividido em dois, com o oceano no meio, e como é que neguinho, que habitava só a África, passou pro lado de lá/cá? Pois foi que a Era do Gelo trouxe frio mas ao congelar um tanto da água da Terra baixou os mares e fez surgir uma ponte de terra firme, e foi por ali que o pessoal se espalhou pra todo lado. Quando o gelo derreteu pimba, cada um no seu quadrado, se virando com o que tivesse à mão. A galera da África se deu bem porque lá tinha um clima legal pra plantar e animais que topavam ser domesticados, e aí adivinha? Surgiu a agricultura! E como os alimentos que eles plantavam tinham safras só uma vez por ano e ao mesmo tempo, neguinho teve que inventar um sistema de armazenamento, de contagem, uma organização pra não faltar comida e de quebra um exército pra defender o estoque. E aí pimba: vieram as cidades, de quebra as pirâmides e outras belezas. Em outros cantos com menos sorte a solução era seguir como antes mesmo: caça, pesca, cabaninhas.

Fiquei sabendo de um monte de coisa. Pense nos cavalos, que viviam nas Américas mas por alguma razão que não se explica foram totalmente extintos e só sobreviveram no mundo porque alguns deles tinha usado aquela mesma ponte e ido pros lados de lá, e só voltaram a pisar aqui quando Colombo chegou? E o açúcar? Que só existia na Ásia e foi parar na Europa com os cruzados mas não pegava nos campos de lá, e foi a principal razão pro tráfico escravo, pra servir de mão de obra nas plantações de cana por aqui? E o fato de que o cara que descobriu a pólvora estava tentando fazer um elixir da vida eterna e acabou fazendo o da vida mais curta? Mais ou menos tudo isso. Por aí. Alguma coisa assim. Foi muita informação, saber o mundo tão rápido deixa a gente meio tonta, e caramba, eu ainda tive que dar umas fugidas pra pegar sorvete e cozinhar uma salsicha que o cérebro gastou a quinoa prestando muita atenção nos primeiros quarenta minutos.

Aí no final das duas horas era o mundo de hoje, século 21, modernidades, Iphones, internet, papapá. 14 bilhões de anos. É tipo infinito, né? É tipo tentar medir o amor. Ou explicar ele. O mundo vai acabar? Vai melhorar? Ele já acabou e já melhorou tantas vezes. 14 bilhões de vezes. Ontem mesmo. Hoje. Agora. Quando uma menina que eu amo segura meu dedo indicador pra equilibrar seus passos ele melhora. Quando uma menina que alguém ama é violentada num ônibus em movimento ele acaba. No dia em que minha tia perdeu seu grande amor sem saber que levava na barriga um filho dele o mundo acabou. Quando essa menina nasceu ele melhorou. Quando alguém se apaixona, ele melhora. Quando alguém é humilhado, acaba. Quando eu desisto, ele acaba. Quando eu insisto, melhora.

Eu insisto.


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Palavrinha do editor:
Ô, participe das nossas discussões e exposições de notícias relacionadas com o universo do ORNITORRINCO e o tema da semana. Basta acessar o nosso fórum no facebook: http://www.facebook.com/ornitorrincozine. Seus comentários serão muito bem lidos. Mais fácil que isso só cantar Ivete com a boca cheia de camarão.

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16.2.12

Ornitorrinco #23 - Carná


- OLHA-LÁ -


      Tem a ver com música e com dança e fantasia, coisas que muito me aprazem. Tem a ver com alegria, e com liberdade e euforia, que também estão na lista do que agrada por aqui. E ainda assim carnaval não é pra mim. Nunca fui ao Nordeste nessa época, poucas vezes desfilei e o carnaval de rua do Rio me viu pouco e há muitos anos.

      O 'não' tem a ver com sol na cuca, multidão e bebedeira, itens aparentemente imprescindíveis na folia carioca atual. Muita gente reunida sob os efeitos estimulantes do álcool embaixo de um sol de rachar pra mim não combina. Mesmo que a música seja boa, os figurinos divertidos, que seja possível dançar.

      Eu gostava mesmo era dos carnavais de Andrelândia da adolescência. Lá na pontinha de Minas, uma cidade daquelas com rua que sobe, rua que desce, praça da igreja no meio, e bem em frente a casa da minha bisavó. Férias, feriado, fim de semana caprichado e lá ia eu brincar de ser mineira, mergulhar na cachoeira, passar frio na madrugada, cantar no meio da rua, deitar no banco da praça. Todo mundo bebia muita pinga com refri, grandes amores duravam uma temporada, eu bebia guaraná e comia ki-bamba, um chocolate pequeno recheado de marshmelow que só achava lá. E quando era carnaval, bailes no Clube Campestre.

      A orquestra tocava a noite toda, marchinhas antigas e sambas atuais. Os cantores de terno, as crooners de vestido dourado fazendo passinhos pros lados e mexendo as mãos em sintonia. Era ridículo, era brega, era doce, era genial. A gente girava pelo salão, de roupa civil: jeans, casaco, tênis. Cheirava-se loló, enchia-se a cara, famílias dançavam na pista, beijava-se na quadra lá fora. Não tinha baiana nem bateria, não tinha fantasia, mas alegria sobrava. Tinha sotaque mineiro, o sol nascendo pela rua deserta enquanto a gente voltava a pé pra casa.

      De dia tinha música na praça, e numa tarde, sábado ou domingo, o Bloco das Piranhas. Começava com todo mundo reunido numa casa e as meninas arrumando os meninos, gargalhadas e farra entre batons vermelhos e meias arrastão. Muitas pingas depois lá iam eles fazendo seus trejeitos rua acima. Confete, serpentina.

      Isso já tem muitos anos. Andrelândia continua lá. Eu aqui. Todo ano tem carnaval, dizem. Tô pensando em tentar de novo. Ainda não tenho fantasia. Acho que vou de solteira.


_Maria Rezende

(então agora eu já tenho fantasia. peruca de cachos afro. máscara de penas. sombra laranja e roxa. rímel azul. batom laranja. aplique de cabeça rendado. saia rodada. é oficial. esse ano vai ter carnaval.)

15.2.12

FestiPoa Literária 2012: dose tripla





Então em abril vai rolar a 5a edição do meu badalo literário favorito, a deliciosa FestiPoa Literária. O incrível Fernando Ramos reúne em Porto Alegre uma turma de primeira numa mistura sensacional: tem escritor consagrado, tem os novos nomes, tem quadrinista, tem poeta, romancista, gente de várias idades, estilos, linhagens, partes do país e do mundo. Tudo isso fica ainda mais gostoso porque a festa é no tamanho certo pra possibilitar o encontro desses artistas todos com o público, num clima íntimo que é a cara do Fernando, o comandante quase invisível mas absolutamente imprescindível desse navio.


Esse ano já estão confirmados artistas que eu admiro, gente de quem eu já fiquei amiga e outras pessoas que eu vou adorar conhecer: Ramon Mello, Heloísa Buarque de Hollanda, Marcelino Freire, Fabricio Corsaletti, Paulo Scott, Mario Prata, Joca Reiners Terron, entre muitos outros. Vai ser minha terceira participação, e só não é a quarta porque em 2010 eu estava viajando e acabei perdendo. Estreei lá em 2009 lançando o Bendita Palavra, e fiquei completamente entusiasmada com a vida cultural da cidade e o amor dos gaúchos pela literatura. Ali entendi como foi possível a Martha Medeiros ter vivido de escrever durante tantos anos antes de ser conhecida no circuitinho Rio-Sampa: o Rio Grande do Sul lê. Ponto. E pra minha sorte, o que eu escrevo agradou por lá... Voltei ano passado pra apresentar uma prévia do espetáculo que ainda não ficou pronto, e foi por causa da FestiPoa que eu ganhei um bando de leitores gaúchos, conheci escritores que eu adoro, além de fazer amigos que eu carrego pela vida afora desde então.

Dessa vez minha participação vai ser diferente e eu tô muito animada. Vou mediar uma mesa com duas escritoras que eu admiro profundamente e cuja literatura alimentou o nascimento da minha, e segue me instigando até hoje: Marina Colassanti e Martha Medeiros. Os contos de fada da Marina me abriram o mundo da fantasia na vida adulta. Os poemas cotidianos da Martha me autorizaram a ser coloquial. Sentar com elas numa mesa pra conversar sobre poemas e escritos vai ser luxo só, e fico devendo mais essa alegria ao Fernando.

Além disso, vou dar uma oficina chamada Bem Dita Palavra: vão ser três dias de aula, quinze amantes da palavra aprendendo a dizer poemas e eu compartilhando o que eu sei, e no final teremos um recital pra cada um viver o prazer de dizer em alto e bom som o poema que aprendeu. Quando fui assistente da Elisa e depois professora da Escola Lucinda de Poesia Viva descobri que adoro ensinar. Descobri também que levo jeito pra coisa, que tenho uma didática meio esquisita e uma capacidade de me identificar com o outro que deixam muito gostoso o processo. Já estava com água na boca pensando em quem serão os alunos, que poemas eles vão escolher, o que eu vou aprender com eles, quando me dei conta do detalhe maravilhoso: o sotaque! Eu amo línguas e sotaques em geral, mas tenho que dizer que o gaúcho é especial, e vai ser delicioso passar quatro horas por dia ouvindo poesia em "gauchês"...

Pra completar, vou dizer também os meus poemas, em carioquês mesmo, que ir pra POA e não me apresentar não dá, né? Ufa, ansiosa e animada!

A programação completa lá no blog da FestiPoa.

13.2.12

Contemporâneo



O Everton Behenck foi uma das boas novidades do ano passado, mais um gaúcho pra confirmar a minha sensação de que Porto Alegre só me traz belas coisas e gentes. A gente se conheceu rapidinho por lá em maio, na FestiPoa do ano passado, e eu passei o ano todo lendo ele lá no Apesar do Céu, tanto poema lindo e triste me vendo por baixo da pele, chorei lágrimas e me senti despida em frente à tela do computador, e me consolei de dores e encarei medos ali. A sensação de identificação que a poesia é capaz de dar nunca cansa de me encantar, e posso dizer sem sombra de dúvida que quando rola isso com o trabalho de um cara vivo, da minha geração, contemporâneo, com quem eu posso trocar idéias e bater papo, a coisa fica ainda mais poderosa.

No áudio ali em cima é de solidão que ele fala, e com sotaque gaúcho ainda por cima.

"Permita que sua solidão lhe conte o que guardava enquanto você escondia-se dela."

Não é pra qualquer um, não. Nem a solidão nem a poesia dura e bela do Everton. Pros corajosos fica de presente um dos meus poemas favoritos dele.


UM POEMA DE ESPERANÇA SECA

Você já sabe
Que irá morrer
Talvez em breve

E que será
Praticamente inevitável
Um tanto de dor
Prática e física

E tubos nas narinas

Você já sabe
Que atrás dos olhos
Está e sempre esteve
Irremediavelmente



Você já sabe
Que o amor nasce
E morre

Pelos mais diversos
Motivos

E que geralmente
As pessoas oferecem
O que não possuem

Enquanto exigem
O que você não tem

E que até perceberem isso
Serão felizes

Você já sabe
Que o amor
É uma intenção

E sabe que isso
É muito bonito

Você sabe que a fé
Foi feita
Para que você não acredite
Cegamente

Nisso tudo que sabe

A natureza criou a fé
Para garantir que você faça
A sua parte
Até que chegue
Cedo ou tarde

Com mais
Ou menos alegria

Aos tubos nas narinas

Você sabe
Que algo te move sempre em frente

E é exatamente o mesmo
Que move um cão
Uma vaca ou uma ave

Mas agradeça
Porque eles não sabem

Já você
Bem

Você sabe

Você sabe que dinheiro
Carros, ternos, móveis
Não são garantias nenhuma
De humanidade

E se você não sabe
Descubra antes que seja tarde

Você já sabe
Que não voltará
Ninguém que lhe salve

O parto é sempre um ato
De abandono implícito

Viemos a esse mundo
Com um propósito bem definido

E nunca voltaremos

Aproveite sua estada
Da melhor forma possível

E não se cobre tanto
Todo mundo sabe o quanto
É difícil

Everton Behenck

9.2.12

Pra esquecer as durezas de nosso dia a dia

De novo eles vêm me salvar. 

Ele #1: o Pau Mole, meu poema frisson que nunca me deixa na mão (rá). 

Ele #2:MarcelinoFreire, escritor fodão que me botou debaixo do braço e me leva pra tanto lado, tão mais longe do que ele imagina, soprando meu nome em tantos ouvidos. 


Pela mão amorosa dele eu fui de Porto Alegre a Recife, baladei em Sampa e passeei em muita tela de lcd. Hoje ganhei a re-alegria de ser publicada no seu blog, com recado carinhoso de brinde. 

"[Esta poesia é famosa.
Não é de minha autoria.
Adoraria. A autora é a
carioca MARIA REZENDE.
No meu antigo blog eraOdito
já havia postado, uma vez,
esse poeminha. Agora, o repito
aqui. Na onda de coisinhas leves,
digamos, feitas para esquecer
as durezas de nosso dia a dia.
Valeu, querida Maria. E fui.]"



Ô, querido, justo hoje, é? Que eu estava tão precisada de esquecer as durezas de nosso dia a dia... Agradecimentos infindos a você.

1.2.12

Wislawa por Maria


"A alegria da escrita. O poder de permanecer. A vingança da mão mortal." Estás vingada, Wislawa. Inclusive em português, imagine. A alegria da escrita. E da leitura. Sim senhora.



 (Wislawa Szymborska, 1923-2012)

Pra ler mais: aqui, aqui e aqui.

Mais um sobre o fim

Fracassando e voando
(Jack Gilbert)

Todo mundo esquece que Ícaro também voou.
É a mesma coisa quando o amor acaba,
ou o casamento fracassa e as pessoas dizem
que sabiam que era um erro, que todo mundo
dizia que nunca ia dar certo. Que ela tinha idade
suficiente pra ser mais esperta. Mas qualquer coisa
que valha a pena ser feita vale a pena ser mal feita.
Como estar ali perto do oceano no verão
do outro lado da ilha enquanto
o amor estava desbotando dela, as estrelas
queimando tão extravagantemente naquelas noites que
qualquer um diria que elas não durariam nada.
Toda manhã ela estava dormindo na minha cama
como uma aparição, a suavidade nela
como a de um antílope de pé na neblina do amanhecer.
Cada tarde eu a via voltando
pelo caminho de pedras quentes depois de nadar,
a luz do mar atrás dela e o céu gigantesco
do lado de lá. Ouvia ela enquanto
a gente almoçava. Como eles podem dizer
que o casamento fracassou? Como as pessoas que
voltam da Provence (quando havia Provance)
e dizem que era bonito mas a comida era gordurosa.
Eu acredito que Ícaro não estava fracassando quando caiu,
mas só chegando ao fim do seu triunfo.

e no lindo original

Failing and flying
by Jack Gilbert
 
Everyone forgets that Icarus also flew.
It's the same when love comes to an end,
or the marriage fails and people say
they knew it was a mistake, that everybody
said it would never work. That she was 
old enough to know better. But anything
worth doing is worth doing badly.
Like being there by that summer ocean
on the other side of the island while
love was fading out of her, the stars 
burning so extravagantly those nights that
anyone could tell you they would never last.
Every morning she was asleep in my bed
like a visitation, the gentleness in her
like antelope standing in the dawn mist.
Each afternoon I watched her coming back
through the hot stony field after swimming,
the sea light behind her and the huge sky
on the other side of that. Listened to her
while we ate lunch. How can they say 
the marriage failed? Like the people who
came back from Provence (when it was Provence)
and said it was pretty but the food was greasy.
I believe Icarus was not failing as he fell,
but just coming to the end of his triumph.