30.6.06

primeira vez

Tá bom, reconheço, todo mundo provavelmente já viu essas fotos dos meninos da seleção em seus momentos de intimidade, exibicionismo do fisioterapeuta do Brasil que até o Globo já publicou. Mas eu sou estreante no amor pelo futebol, e confesso que nunca pensei que ele fosse chegar: tenho traumas das viagens de volta do sítio na infância ouvindo jogos do Botafogo no rádio do carro, nunca tive time, e sempre achei torcida a coisa mais próxima de uma tribo selvagem e irracional. Sorria quase envergonhada ao ver os homens da família torcendo com tanto afinco, e brigando quando perdiam, e tripudiando dos perdedores quando ganhavam.

Pois essa Copa mudou minha visão do futebol. Todo mundo diz que os times nunca tiveram tão pouco brilho, que o futebol arte não deu as caras, mas eu fui conquistada! Nas últimas semanas aproveitei que estou trabalhando em casa pra ver partidas antes inimagináveis como Itália e Austrália, Espanha e França e a inacreditável Portugal e Holanda, durante a qual eu gritava feito os primitivos da minha infância, e xingava o juiz, os holandeses horrorosos e os portugueses que erravam passes. Ando expert em jogadas, entendo tudo sobre impedimento mesmo sem aula particular com o Parreira feito a Cora Rónai, e digo tudo que os comentaristas repetem meio minuto depois, o que me faz crer que no momento sou uma anta futebolística, mas com qualidade suficiente pra ir pra Europa ganhando perdim em euros.

Enfim, estou me divertindo como nunca imaginei, e já estou naquela situação metida de querer escolher milimetricamente o local onde vamos assistir aos jogos do Brasil, porque muita gente falando me desconcentra mas também sozinho em casa não tem emoção.

O futebol me pegou de jeito, e ando achando a Copa rápida demais: pois então já estamos indo pra semi-final, e semana que vem acaba a brincadeira? Logo agora que eu me contagiei? Passarei o próximos quatro anos torcendo pra próxima chegar logo, e espero que ela me encontre de casa nova, morando com meu namorado e com um filhote no colo. Afinal, quatro anos não são quatro dias e nada melhor pra passar o tempo do que sonhar e botar em prática a vida da gente.