26.3.07

minha vez

casamento

Poema feito pra Carol e pro Bruno, depois de muita polêmica familiar sobre o que é afinal um "casamento".

Pode ser uma prisão ou uma fonte.
Pode ser um deserto ou uma ponte.
Um mundo novo ou um ponto final.

Pode ter loucura, pode ter dureza
pode ser difícil e uma delícia
pode ter tristeza, tédio, encantamento
tudo o que há de bom e um pouco do ruim.

Pode ser esperteza ou sonho
pode ser insistência ou sorte
pode ter festa animada ou só um olhar sincero
porque casar não começa quando se casa.

Casamento é quando a parceria é tão boa
que não precisa bolo, não precisa roupa
pode ser no padre, no juiz ou só no banco
porque o sim mora dentro da felicidade dos dias.

Casar é ser feliz sozinho, mas preferir junto.
Por isso a festa.

21.3.07

poema pós-bbb

Ando cansada de tantos consertos.

Tudo na casa dá defeito, inclusive a dona.

Carrego tristezas como os franceses carregam baguetes,
sem proteção contra a poeira da rua e o suor das axilas.

Tenho medo do que desconheço
e me estranho no que me é difícil.
"Tentativas e erros" é a expressão correta:
os acertos ficaram pra próxima vida.

Vivo num corpo que não me escuta
e a eterna luta é fazer da voz carne
e da dor insistência e êxito.

Me alimentar do que me frustra,
digerir cacos de vidro pra parir,
em meio a espasmos,
alguém em quem eu me divirta,
uma mulher que exista,
e diga a que veio.

16.3.07

04:00

É isso que me diz o relógio do computador, pra minha surpresa e desespero. Há tempos não vejo essa hora em relógio nenhum, e queria ver era nos relógios da rua em noites animadas, não nessa tela azul e fria que eu não consigo largar no dia de hoje.

Não reclamo: trabalho é ótimo, e eu nunca sei quando o próximo vai chegar, então aproveito. Esses tempos, no entanto, chegaram vários juntos me atropelando, daí a madrugada insone labutando...

Os projetos vão de espetáculo de poesia pra inscrever em concurso público à edição de um promo de um longa sobre Capitães de Areia, passando pela assistência de montagem prum show do Waldick Soriano. Manhã, tarde, noite.

Não reclamo. Venham, trabalhos, venham todos, eu espero acordada...

10.3.07

Bruna Beber


No último post falei sobre o Ramon Mello e o blog dele, Click (IN)VERSOS, e hoje venho falar de uma das entrevistadas mais bacanas de lá, a Bruna Beber. Conheci a poesia dela por dica do meu pai, que leu a matéria do Prosa e Verso quando A fila sem fim dos demônios descontentes foi lançado pela 7Letras. Gostei de cara do clima rock n´roll sem exageros, uma voz autêntica e que não quer só chocar, uma menina de 23 anos poeta das boas mesmo.

Quando li a entrevista dela pro Ramon fiquei com vontade de aproveitar a ponte e conhecer ela, e acabou que depois de emails de todo os lados ontem à noite fomos todos pro Diagonal bater papo e apresentar os rostos uns pros outros.

Foi uma noite gostosa de novidade, e é tão raro realmente ficar amigo de quem a gente lê e admira de longe que fiquei muito feliz com o encontro. E pra vocês entenderem o porque da admiração, um dos poemas do livro dela que eu acho incrível:

você quer um dia
ser estudado
numa sala de aula qualquer
por uma turma de pirralhos
que vão zoar suas roupas hoje modernas
falar que o que você escreveu é chato pra caralho
fazer chifrinho na sua foto
interrogação.

queira morrer antes
comendo caramelos
a estranha paixão de Hitler
caramelos.

6.3.07

Click (IN)VERSOS

tempos atrás falei aqui da entrevista que dei pro Ramon Mello, publicada no site Click 21. O Ramon é escritor também e fez a mais longa entrevista da minha breve vida pública, o que me fez muito feliz...

Mas o caminho pro site era difícil, e muita gente reclamou que não conseguiu ir lá. Pois agora a coluna dele, Click (IN)VERSOS, virou
blog, e lá estão a minha entrevista e a de um monte de gente bacana. Eu recomendo!

4.3.07

que vexame, meu deus!

Eis que decido escrever sobre os romances enormes e deliciosos que li nos últimos tempos. Eis que cito quem me deu o primeiro deles de presente, pra agradecer publicamente à amiga. Eis que, vexame, erro de amiga...

Venho então me desculpar, corrigir o erro e explicar: quem me deu Um defeito de cor não foi a Regina Zappa, foi a
Olga de Mello, também jornalista e amiga querida. A confusão se deu porque passamos um fim de tarde aqui em casa, nós três e o Eduardo Graça, amigo querido que mora em Nova Iorque e junta todo mundo quando está por aqui. Esse ano dei a sorte de ser a anfitriã do moço, e como era aniversário dele Olga e Regina vieram lanchar. E eu, que não era aniversariante nem nada, terminei a noite com dois presentes: o romanção dado pela Olga e as obras completas do João Gilberto Noll, dadas pela Regina - diga-se de passagem, outro catatau.

Resumo: me dei completamente bem, ganhando dois livros numa noite, por excesso de presente acabei cometendo essa indelicadeza com a Olga, que eu reparo indicando a todos o
Arenas Cariocas, onde ela mostra o seu talento aqui na rede.