27.6.07

poema dos 28, já na metade deles

O amor enche as mãos de tarefas e os olhos de lágrimas.
Depois é voz doce curando a dor de cabeça,
Telefonema bendito no meio da madrugada.

O amor quando insiste deixa a gente encharcada,
Molha por fora e por dentro,
Inunda, interrompe a estrada
Pra depois seguir melhor.

Fiz 28 anos e tenho chorado muito, antes e depois.
A idade me acolhe, não me assusta:
Sou eu quem escolhe o que fazer do dias,
E a marca que quero que eles deixem no meu rosto.

Quem acorda comigo sabe:
Durmo sorrindo até de manhã
E adoro a luz amarela que não entra pela janela
(mas tenta)
quando o sol está lá fora.

O amor anda em mim sob a pele
Feito bicho geográfico,
Hora no sexo
Hora no pé
E meu corpo é todo um mapa dos caminhos que ele faz
E eu nunca
Nunca reclamo.

26.6.07

quase cinco anos disso

Eu alta no salto você me alcança
A cama pequena você se encaixa
No frio de fora você me agasalha
E no calor dos corpos você se incandesce.
Duro no pau
Doce no olhar
Puro nos sonhos e calculista nos planos
Menino no meu abraço
Homem imenso no toca-fitas do carro
Vagabundo pela cidade
E na intimidade meu amor
E na intimidade meu
E na intimidade, eu.

17.6.07

comichão

(foto de Wilian Cézar Aguiar)

Ando sentindo saudades dos tempos em que essa imagem era corriqueira: a cada mês novas fotos da Maria dizendo seus poemas, mudando só a roupa e o clima, com o fundo preto do palco da Laura Alvim.

Já tem dois anos que a gente parou de produzir o Te vejo na Laura, e foi um tempo bom de construir mil outras coisas e consolidar outras, mas confesso que hoje sinto falta dessa emoção boa de me expor com uma luz na cara e um microfone na mão, de sentir a reação das pessoas à minha poesia, dessas coisas de palco.

Se a vida for como eu gosto que seja, isso pode ser o começo de uma mudança, e essa saudade pode virar atitude. Tomara!