16.1.08

ainda

Palavras em caixas de som
Um corpo iluminado
E um rio branco correndo do outro lado da cidade
Já naquela noite
− embora ainda sem gemidos

Depois a voz gravada no etéreo
Permanência com prazo de fim

Sob o céu preto do mundo o encontro

A boca nessa hora transformou palavra em beijo:
Foi palavra, palavra
Palavra no fundo do ouvido
E aí beijo
Beijo como quase nunca mais ia ser
Mas de vez em quando ainda

O desejo ali deitado colou no corpo sem volta

Nem tudo era possível
Nem tudo ia ser tão bom assim
Mas era tudo verdade e continua
É tudo verdade e continua

Continua tudo ardendo noite adentro

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