Não quero ser o Big Simpatia
A pele fina por debaixo da couraça
Não quero ser rainha da tristeza
Nem rei da dor ou outro título do inglês
De onde olho há o caminho andado
E vejo as mil curvas pela frente:
Podem ser estrada de Santos
Podem ser labirinto de Creta
E pode ter monstro
E pode ter novelo
E se o fio vai ser forte só na hora eu vou saber
Mas choro minhas dúvidas sem economia
Na hora da dor, lágrimas
Na hora de viver, pernas pra que te quero e mãos à obra
Se for imagem, filme
Se for palavra, poesia
(Big Simpatia é um personagem de um conto que meu pai escreveu muito antes de pensar em ter filhos, e que eu nunca li, só ouvi ele contar. Era um cara magrinho, fracote, que sonhava em ser grande e forte. Um dia um circo passa pela cidade, ele vê um cara que se apresenta com uma armadura e acha a solução pros seus problemas: veste a armadura e nunca mais tira. Por anos ele fica sendo o grandão-fortão que sempre sonhou, até que um dia se cansa daquela imagem e resolve voltar um pouco a ser ele mesmo. Quando ele tira a armadura, percebe que a sua pele ficou tão fina que qualquer carinho a arranha, porque ele ficou tão encantado com aquela falsa fortaleza que não se deu conta de que não estava construindo a sua força, a sua grandeza. É mais ou menos isso, de ouvido, da infância, mas esse cara anda comigo pela vida afora, e sempre que dá medo de não agüentar eu penso nele.)
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