21.8.08

duas coisas

Pois eu fui lá no programa, peguei o carro, cheguei em cima da hora, passei um batonzinho no banheiro mesmo e fiquei feliz de ver que também estavam lá a Geovana Pires, parceira querida da Escola Lucinda de Poesia Viva, divulgando a nova Casa Poema, e o Domingos Guimaraens, poeta do coletivo Os 7 novos e companheiro de puc, de cep e de bares por aí.

De repente parecia seriado de tv americano: "1 minuto!" e vem aquela aflição "meu deus será que eu decorei direito o poema" e a apresentadora pergunta pra Geovana como era mesmo aquele poema do Fernando Pessoa do poeta é um fingidor, e aí "30 segundos" "caramba, vou esquecer no ar, tenho certeza", e ela segue decorando o poema na hora, ensaiando pra câmera, e "10 segundos" "gente, como é que essa menina dá conta de fazer isso todo dia" e aí bum!

A menina levanta, começa a falar numa rapider impressionante, mudando de câmera a cada frase e uma tv grande no fundo do estúdio mostrava tudo que gente do Brasil todo estava vendo em casa, naquele exato instante, como é que pode uma coisa tão instantânea assim? Confesso duas coisas: fiquei boba com a agilidade dela, a Liliane, que apresenta o programa ao vivo todo dia; e fiquei brava com a agilidade do programa que não me deu a chance de dizer um poema no ar, e eu que me afligi tanto com medo de esquecer nem essa oportunidade tive.

Gente, como é que eu vou ganhar alguém sem dizer um verso? Ok, teve o figurino descolado "sou jovem", tiveram observações ligeiras sobre assuntos interessantes, mas sem dizer poesia não dá pra vender livro...

Mais ou menos, descobri hoje, porque logo depois do programa muitas pessoas passaram por aqui, algumas rapidinho outras bem demorado, e afinal de contas é pra isso que a gente sai de casa no meio da tarde e corre pro centro da cidade numa quarta-feira de trabalho: pra ganhar leitores e vender livros. Além de encantar a vovó, é claro.

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