A PALAVRA TODA PARA O RIO
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O Rio estava com saudade dele mesmo. Aquilo que as circunstâncias separaram, volta organicamente a se juntar. A cultura carioca não pode viver sem ser completa. Fica faltando. O Rio sempre foi uma cidade inclusiva, sede da corte imperial, capital da república até a invenção de Brasília. Uma cidade acima de tudo cosmopolita.
O Rio sempre foi bom alquimista. Do samba-jazz da bossa nova ao samba-rock de Jorge Benjor, ao beat-modernista da poesia marginal, às reuniões de Villa-Lobos, Bandeira, Pixinguinha, Almirante na casa de Tia Ciata. Do rap samba funk de Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Marcelo D2 à incorporação da cultura hip-hop pelos nossos mestres Heloisa Buarque e Hermano Vianna. O Rio não precisou de nenhum manifesto modernista. Já tínhamos Noel Rosa.
Uma cidade que sempre esteve próxima à palavra viva com suas rodas de samba, seu partido alto, à grandeza de Vinícius falando seus poemas na noite de Copacabana, à fala em delírio dos poetas marginais dos anos 70 ao rap de D2, BNegão e Black Alien das Batalhas do Real e do Zoeira Hip-Hop na Lapa dos anos 90. Uma cidade assim pede um festival à altura. A PALAVRA TODA vem suprir esta demanda.
A palavra em seus muitos suportes, em seu mais diverso repertório. Espanando o bolor dos puristas, incorporando outras linguagens com a música, o teatro, o mundo digital, A PALAVRA TODA mistura. Mistura a academia com a rua, as mais diversas gerações, mistura a “alta” e a “baixa” cultura, apresenta as diferenças para que nesse atrito, nessa troca, a cultura da cidade volte a fluir.
A palavra poética se tornou muito estigmatizada nesse tempo audiovisual e assim como a cidade de tempos atrás, se bifurcou entre guetos distintos e coisa de especialistas. Mas inspirado nos novos rumos do Rio, juntamos todas as pontas, convocamos suportes que sempre tiveram forte relação com a palavra como a canção e o teatro e invadimos o Espaço Sesc, em Copacabana. Nos dias 24 e 25 um sem-número de poetas de todas as tribos, dos 70, 90 e 00, do rap ao repente, do hip-hop à academia, enfim um batalhão de gente do verbo, da cena e do ritmo para dar força a um unificado e pacificado Rio de Janeiro, dar sentido a esse verão. Ou não.
O Rio tem uma riquíssima tradição no uso da palavra. Seja ela cantada, entoada, falada ou escrita. Aqui nasceram e viveram nossos grandes poetas, músicos e compositores. Do samba à bossa nova, do modernismo à poesia marginal, do neoconcretismo ao tropicalismo, de Nelson Rodrigues ao Asdrúbal Trouxe o Trombone, todos se inspiraram nessa topologia única de montanhas que deságuam no mar.
O Rio sempre foi uma cidade festiva e festeira, de muitos e brilhantes festivais. Durante o verão então, entre turistas de todo lugar, a cidade regurgita sua cultura e natureza nas praias, nas noitadas da Lapa e ensaios das escolas de samba. Rio 40º. Se o Rio comemora a possibilidade de vir a ser uma cidade una, com o direito de ir e vir e de circular por sua imensa geografia cultural, a palavra não pode ficar de fora. Agora que a cidade segue em nova direção, a palavra, padroeira do sentido, instrumento maior de expressão e comunicação, quer estar junto. Agora o Espaço Sesc abre sua gloriosa arena e foyer para um esperado festival de poesia.
A PALAVRA TODA é o festival de poesia que faltava para a cidade. O Rio é poesia, o Rio é A PALAVRA TODA.
Chacal
PROGRAMAÇÃO
DATAS E HORÁRIOS
Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
De 18 às 22 hs.
Entrada franca.
Tel.: (21) 2547-0156
Dia 24 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana
18h30 – ‘A palavra em cena’ – Paulo José e Ana Kutner
19h – ‘O rapto da palavra’ – MC Nike e Re.Fem
19h30 – ‘Agora é hora’ – Alice Sant´Anna, Augusto Guimaraens Cavalcanti, Pedro
Rocha, Mariano Marovatto, Ismar Tirelli Neto e Gregório Duvivier
20h10 – ‘A palavra contada’ – Numa Ciro e Marcus Vinícius Faustini
20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Viviane Mosé, Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, Valeska de Aguirre e Heitor Ferraz
21h – ‘Coletivos’ – Cachalote (Gabriela Marcondes, Elisa Pessoa, Ana Costa e Andrea Capella)
21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Chico Alvim, Charles Peixoto, Ronaldo
Santos, Antonio Cicero e momento K7 com Zuca Sardana
22h – ‘A palavra cantada’ – Letuce (Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos)
Dia 25 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana
8h30 – ‘A palavra em cena’ – Carla Tausz
19h – ‘O rapto da palavra’ – REP (Ritmo e Poesia): Nissin Instantâneo, Ricardinho, Babu, Bidi Dubois e Durango Kid
19h30 – ‘Agora é hora’ – Ramon Mello, Maria Rezende, Marília Garcia, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires
20h10 – ‘A palavra contada’ – Aderaldo Luciano
20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Paulo Henriques Britto, Alberto Pucheu, Carmen Molinari e Masé Lemos
21h – ‘Coletivos’ – Madame Kaos (Beatriz Provasi, Marcela Gianninni, Juliana Hollanda e Arnaldo Brandão)
21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e momento cassete com Armando Freitas Filho
22h – ‘A palavra cantada’ – Fausto Fawcett
Mostra paralela - A poesia toda
Fotos, vídeos e outros objetos poéticos
Alberto Saraiva // Arnaldo Antunes // Alex Hamburguer // André Vallias
Chacal // Christian Caselli // Gabriela Marcondes // GrupoUM
Gustavo Peres // João Bandeira // Lenora de Barros // Márcio-André
Marcelo Sahea // Paulo de Toledo // Renato Rezende // Zuca Sardana
FICHA TÉCNICA
Curadoria
Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda
Organização
Ramon Mello
Coordenação Geral
Elisa Ventura
Produção
Camilla Savoia
Luiz Cesar Pintoni
Nanda Miranda
Direção de Arte
Retina 78
Realização
Sesc Rio
Idealização e produção
Aeroplano Editora
Apoio
Blooks Livraria
Retina 78
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