24.9.07

America Latina II


Inventar de ir a Buenos Aires foi coisa minha, e portanto nem posso reclamar da confusão em que me meti... Pesquisando sobre Montevideo descobri que 3h de barco nos levariam lá, e aí começou a fissura: TEMOS que ir a Buenos Aires pelo menos um pouquinho!


Descobri nesse processo que viagem sem planejamento anterior cobra um preço alto de stress em lan houses e telefonemas de orelhões com cartões pré-pagos nem sempre compreensíveis. Passei quase metade do tempo planejando o que viria no dia seguinte, ligando e mandando email pra albergues, hoteis, locadoras de carro, companhias aéreas e de transporte fluvial, arrancando os cabelos, enfim. O resultado foi diversão acompanhada de muito cansaço, e chegando no Rio foram precisos uns 3 dias pra eu conseguir começar a trabalhar...


Mas fora tudo isso foi uma delícia. Buenos Aires é definitivamente uma cidade adorável, daquelas que se eu fosse rica e pudesse iria passar um fim-de-semana, jantar em dois ou três lugares deliciosos, fazer umas comprinhas, tudo pela metade do preço que se pagaria em São Paulo, por exemplo, e pode incluir a passagem nessa conta. Infelizmente esse (ainda) não é o caso, então tratamos de aproveitar bem porque acho que agora vamos demorar a voltar lá.


A gente ficou hospedado num albergue incrível, descoberto numa das sessões internáuticas em Montevideo. Chama Borges Design, e o nome juntou duas informações interessantes: literatura e design num só pacote, a preço de albergue? Parecia bom demais, e era mesmo. O lugar é uma graça, super arrumadinho e de bom gosto, nosso quarto era enorme, com um banheiro ótimo, edredon cheiroso na cama, e ainda por cima fica num ponto ótimo, no coração de Palermo Soho. Palermo, aliás, é um capítulo à parte: é o bairro mais charmoso, cult, cheio de lojas bacanérrimas e bares e cafés e restaurantes deliciosos. O bairro costumava ser dividido em duas partes: Palermo e Palermo Viejo. Agora a coisa se sofisticou, e Palermo Viejo se dividiu em Palermo Hollywood e Palermo Soho, onde a gente estava, pertinho da famosa Praça Serrano, onde aos domingos rola uma feirinha de design incrível.


Ficamos lá até quarta, quando partimos cedinho de barco de volta pra Montevideo, pra almoçar e pegar o avião de volta pro Rio. Foi pouco tempo, mas deu pra aproveitar, então aí vão as dicas:


- Passear na Praza Serrano e nos seus arredores. O programa é bom qualquer dia da semana, e domingo tem a feira pros animados, porque a cada vez que eu vou lá tem mais lojas e mais gente comprando, e dessa vez mesmo eu, uma compradora animada, não tive ânimo de enfrentar a multidão.


- Sair pra beber e comer besteiras no Acabar, um bar incrível, com uma decoração louca e que tem milhares de jogos pros clientes escolherem. É genial ir com muitos amigos, mas mesmo um casal consegue se divertir e passar uma noite inusitada. Pra gente, que estava há cinco dias só conversando um com o outro, foi ótimo passar a noite rindo sem falar nada!


- Passear no Parque Tres de Frebrero, um parque lindo pra caminhar e comer um "pancho", que é como eles chamam cachorro-quente. De lá se vai a pé por um caminho cheio de jardins e praças até o Jardim Japonês, que é lindo, e de lá é um pulo pro MALBA, o museu de arte moderna de lá que é um escândalo! A arquitetura é linda e sempre tem exposições e programações culturais super bacanas. Pra quem é de andar, de lá dá pra seguir a pé pro Museu Nacional de Belas Artes, que tem Miró, Goya, Rodin, Manet, Monet, uma super coleção permanente.


- A principal rua de comércio é a Avenida Santa Fé, cheia de lojas de sapato lindas onde eu não posso comprar porque meu pezinho 39-40 não entra nos modelitos de lá... É que os números lá são 1 a mais do que os nossos, então lá eu calço 40-41, e já viu que não existe 41, né? Uma tortura pruma sapatomaníaca como eu... Na Santa Fé fica também a livraria mais linda que eu conheço, chamada El Ateneo. É um antigo teatro, tipo o nosso Municipal, transformado em livraria mas mantendo o clima do teatro, com estantes de livros espalhadas pelos camarotes e um café chiquérrimo e bem carinho no palco. Mas tomar um café folheando um livro recém comprado olhando praquele cenário emoldurado por cortinas de veludo vermelho vale o preço!


- O centro da cidade é outro passeio genial. Lá fica a Casa Rosada, numa praça enorme e linda que é onde acontece toda a vida política da cidade, e os argentinos são super políticos, então a praça transborda de História. De lá se anda pro Café Tortoni, o mais antigo da cidade, charmosérrimo e também carinho, mas o clima compensa o lanche caro. Lá eu vi um show de tango super bacana, numa salinha mínima e sem aquela onda super turística, recomendo.


- Dar uma volta no Puerto Madero, que é onde a foto aí de cima foi tirada, na nossa chegada na cidade puxando mala pela rua loucos em busca de um caixa automático pra sacar pesos argentinos e poder pegar um taxi pro albergue! O porto foi revitalizado, é lindo, um passeio super agradável, tem restaurantes e cafés.


- Andar em San Telmo, que é onde tem a feira de antiguidades aos domingos. Eu confesso que não curti muito a feira, e gostei bem mais de andar por lá durante a semana, é uma parte bem antiga da cidade, super gostoso.


- Restaurantes incríveis: Te mataré Ramirez é um restaurante de comida afrodisíaca genial, super bem humorado e com ótima comida e boa música. Bar Uriarte é um lugar que eu adoro, boa comida, ambiente super clean mas aconchegante.


E aqui acaba o super-guia-maria-de-buenos-aires. Eu tenho uma inclinação louca pra guia turística, é uma loucura...

Um comentário:

OBA! disse...

Adorei! Vou seguir as dicas depois conto....
bjs!