17.2.09

o mais extremo oposto

Achei esse rascunho de poema e acabei acabando ele esses dias, e foi feliz terminar um poema, o primeiro depois do livro publicado com TUDO de bom que eu tinha escrito até então. Publicar é doido, a gente raspa o tacho até o fundo e depois parece que nunca mais vai ter fruta pra fazer mais doce, sabe?

Daí que foi uma sensação gostosa sentar de novo pra escrever no caderno, depois passar pro computador e ir ajustando os versos, uma palavra pulando pro de baixo, outra expressão subindo pro de cima, um ajuste de rima, o ritmo dando as coordenadas.

E apesar do poema não ter nada nadica de nada a ver com o sentimento de hoje, e apesar dele ser mesmo o mais extremo oposto possível da felicidade que me habita, a felicidade dele existir agora me anima a compartilhar, então aí vai, senhores, o primeiro poema depois do Bendita Palavra (e aviso logo que não o melhor, porque depois desse veio outro que esse sim é de doer de bom, mas esse vai ficar inédito ainda um pouco pra ser publicado primeiro em outro site, que santo de casa não faz milagre).

Nunca foi confortável
(nunca calmaria, sempre tempestade)

Nunca o macio inteiro
(pouco colo, pouco calor)

Quase nunca o soco
(quase sempre a memória da dor)

Nunca foi redondo
Nunca não teve aresta

O amor nunca foi mais do que fresta
Olho aberto no escuro em meio a tanto não

Nunca nada fácil
Mas aquele encaixe exato

Mãos dadas na madrugada
Cada um por si na multidão

(e não há mesmo pior forma de solidão)

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