2.6.10

SMS

Meia-noite e cinco, acaba o filme no dvd, nos levantamos do sofá preguiçosos e ainda envolvidos pelas histórias da gente que vivia na tela, toca o aviso de mensagem no celular. Não é hora de recados, em geral, e o que eu leio confirma o caráter nada habitual do acontecimento: "Obrigado, por me ensinar a amar o papel em branco e a caneta." O número é desconhecido, a mensagem não tem remetente e eu não respondo mensagens de desconhecidos.

Vou dormir e só me lembro de novo da mensagem agora de tarde, e aí reparo que além do celular tem um DDD, 87. Isso é Pernambuco, mas não é Recife, é interior. Me espanta e me alegra que em algum desses lugares, tão longe de onde eu vivo e das livrarias que vendem meus livros, alguém me descubra, me leia, se encante, e queira me dizer isso.

Confesso que esperaria receber esse recado por email, ou mensagem aqui no blog. Que alguém em algum desses lugares, tão longe de onde eu vivo e das livrarias que vendem meus livros, tenha meu número de telefone me assusta um pouco. São tempos estranhos, em que uma rede invísivel nos espalha democraticamente ao mesmo tempo em que nos tira um tanto de privacidade, e é esquisito quando acontece com a gente. Na tentativa de ser pública e discreta, acho que ando conseguindo um bom equilíbrio, mas às vezes a corda balança e a gente não sabe bem de onde veio o sopro. Que seja um sopro doce, então.

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