25.6.04

nem tudo são flores

Porque hoje é sexta-feira e eu acordo cedo pra ir à terapia e às 9h da manhã passo pela Princesa Isabel, em Copacabana, e no sinal tem um trio de meninos que fazem balabarismo com bolas amarelas, um em cima do outro, uma pirâmide sorridente e descalça, e todo o bem da terapia quase vai por água abaixo dentro do meu carro condicionado e subitamente ostentador.

"Criança de rua sem circo na praça quinze.

Criança malabarista de sinal,
de bola de tênis voando baixo,
rolando longe no asfalto molhado,
na poça vermelha do sinal fechado.

Criança dessa tem o circo é dentro dela:
é trapezista saltando no ar sem rede de proteção;
é palhaço de si, rindo do que não há,
fingindo ser ensaiada a puxada de cadeira que a derruba,
a tinta na cara feito máscara que a torne personagem
e só assim capaz de suportar esse número.

Criança dessa é bailarina sem roupa nem sombrinha
se equilibrando descalça na linha fina demais da vida,
o leão solto da jaula pronto pra dar o bote
e ela mágico sem cartola de onde tirar o truque derradeiro que a salve.
Pula o leão, vai-se a criança engolida numa só bocada.

De pé, o respeitável público aplaude e come amendoim."

2 comentários:

Anônimo disse...

será que esse já é meu novo e fácil sistema de comentários?

Anônimo disse...

hi, new to the site, thanks.