15.7.04

moça bonita


Essa é uma foto de uma noite batizada de Nós também, por exemplo, que foi o lançamento conjunto do meu livro, do cd do Rodrigo e do cd do Tonho: substantivo feminino, Canção pra ninar adulto, Ímpar. A idéia surgiu numa noite aqui em casa, quando eu reuní os amigos pra primeira audição do cd do Rodrigo, ou do meu, não me lembro mais. Sei é que o Tonho veio aqui, a gente teve essa idéia e ela vingou. Foram alguns meses de ensaios, aqui, na casa dos pais dele, nós  três e o Gus, que está aí à direita na foto. O Tonho é esse do meião, o do sorriso. Foi uma noite linda e a alegria maior ainda por ser compartilhada, nós quatro vivendo juntos aquele momento único ali no palco, os amigos todos misturados, os pais se dando parabéns.
 
Isso foi há pouco mais de um ano, 11 de junho de 2003. Agora, não temos mais Tonho por perto. O sorriso ficou, e a alegria, mas ele mesmo não mais. Os dias vão passando e a gente nem se dá conta de quanto tempo, quanto tempo que a gente passou querendo se ver e deixando pra amanhã, quanto tempo agora que ele ficou invisível.
 
Hoje ouvi o Geraldo Azevedo cantando Moça bonita, uma música que há muito tempo não ouvia, e que animava os forrós dos fins de noite dos saraus que a gente fazia, onde se cozinhou a minha poesia e se ouviu em primeira mão as canções lindas dele. E de repente a saudade veio imensa, e um poema saiu dela, e vem direto pra cá.
 
 
Morrer podia ser só um pouquinho
Podia ser um passeio
Uma viagem pela noite que acabasse no café
 
Morrer como uma aventura
Uma montanha
Andar a pé o deserto depois voltar
 
Como dançar de olho fechado
Se perder  num outro corpo

Como uísque bom, um sono inteiro, um prazer, um cheiro
 
Morrer podia até ser um castigo
Porta fechada com prazo de fim
Mas não esse buraco, esse abismo
Seu riso pra sempre perdido
Sua música soando em mim


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