22.7.04

primeiro poema infantil

 
Então tinha um moço torto cheio de idéias tortas.
 
E então uma moça curva cuspindo círculos pelas redondezas.
 
E então que as redondezas ficaram cada vez mais concêntricas
e então que um dia PUFT:
o moço torto deu de cara com a moça curva
e ficou de cara com a moça curva
e foi logo pensando:
“eu quero escorregar nessa montanha russa aí!”
 
A moça curva bem que gostava de gente torta e logo ficou encantadinha com aquele moço meio tortinho mas que mal via alguém fazia logo um ar de Corcunda de Notre Dame e com a boca bem retorcida suspirava “ai que saco!” pra multidão de gentes retas que passava sem parar.
 
O que o moço não sabia é que a tal moça da curva,
com sua boca lisa e seu jeito esticadinho,
também não gostava de nada reto não,
e na verdade já tinha bem um tempo que ela procurava um moço assim,
meio tortinho,
pra andar com ela por aí.
 
E então os dois deram-se os braços e o incrível PUFT:
aconteceu.
 
A torteza do moço foi esticando,
a curva da moça foi se acentuando,
e quando eles foram ver estavam tortos numa curva tão redondinha
que tinham encaixado de um encaixe tão maciinho
que a felicidade agora era fácil e certa
como se a estrada tivesse sempre sido essa
e a vida,
que ele nunca quiseram reta, tivesse sempre sido essa festa.


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